A virada do milênio coincide com a saída de Joyce Pascowitch da Ilustrada para a revista Época. Pouco antes de ser transferido para os Estados Unidos, onde seria correspondente da Folha, com passagens pela guerra do Iraque, Sérgio Dávila indicou o nome de Mônica Bergamo como substituta para a coluna.
"'Ah, não tem como', eu disse para o Otavio [Frias Filho] na época", lembra Bergamo. "Eu vou na Ilustrada para ver cinema, teatro, mas não sou jornalista de cultura." "Ele respondeu: "Não quero isso, quero uma repórter"."
Ela está no cargo há 18 anos, superando os 14 de Joyce. Imprimiu à coluna um teor mais político e econômico, fruto de sua experiência anterior, de repórter em Brasília.
Nelson de Sá assumiu a edição e, entre suas realizações, trouxe de volta ao jornal Mario Sergio Conti, que havia editado o Folhetim nos anos 1980, capitaneado a Veja nos anos 1990 e lançado o best-seller "Notícias do Planalto". Sua primeira reportagem, que descrevia celulite na São Paulo Fashion Week, causou furor.
Ele e seu sucessor, Cássio Starling Carlos, contam que fizeram o que podiam com o velho fantasma do editor: colocar na capa as estreias e lançamentos ou investir em reportagens exclusivas, mas que servem menos o leitor na vida cultural do dia a dia?
"Eu tinha muitos planos, todos devidamente destruídos pela rotina massacrante", brinca Nelson de Sá, a sério.
"De fato, tentei tratar a agenda de forma mais abrangente. Na estreia de "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, levamos um professor de aramaico ao cinema para escrever sobre esse aspecto do filme, por exemplo."
Completando a década, Marcos Augusto Gonçalves voltou ao caderno 20 anos depois. Foi quando lançou o livro "Pós-Tudo", sobre os 50 anos da Ilustrada.