Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha desde 2010, veio interromper a era dos mandatos curtos, de um a um ano e meio. Ficou no cargo de 1996 a 2000, sendo o primeiro editor, aliás, a fazer uma Ilustrada de aniversário, nos 40 anos do caderno, em 1998.
Como todo editor, imprimiu nas páginas do caderno um misto de notícias culturais, serviço ao leitor e também um pouco de seus próprios gostos e preferências, como no fim da série
"Seinfeld", a sua preferida.
"Demos uma espécie de contagem regressiva para o capítulo final. Todo dia tinha uma reportagem. Chegou a ponto de o diretor de programação da Globo escrever uma carta ao Painel do Leitor reclamando: "A Ilustrada só pensa no Seinfeld? Ninguém mais aguenta o Seinfeld" [risos]", lembra Sérgio Dávila.
Para o editor, "é importante que o leitor, todos os dias, feche a Ilustrada e pense "eu fui impactado, surpreendido, achei inusitado algum aspecto do caderno"".
Internamente, foi um momento de grande renovação da equipe. A geração dos repórteres que vinha desde os anos 1980 foi sendo substituída pela seguinte. Vários dos redatores e repórteres contratados por Dávila se tornariam os editores da Ilustrada no século 21.
O caderno surfou na onda do britpop, houve o filme-marco "A Bruxa de Blair", o início da onda dos seriados americanos, o renascimento do cinema nacional e o aparecimento de uma nova música brasileira, com Marisa Monte, Skank, Chico Science e Racionais MC"s, entre outros.
Como escreve Marcos Augusto Gonçalves em "Pós-Tudo", "Dávila decidiu investir no tripé pop, reportagem e antecipação de tendências".
"A Ilustrada de Dávila, como a de Márion, aproveitava a boa maré e crescia. Além de dezenas de colaboradores, cerca de 35 pessoas trabalhavam na Redação; às sextas, eram publicados dois cadernos; eventos como megashows, bienais, Mostra de Cinema e outros mereciam edições especiais."
"Lembro com carinho do caderno que fizemos quando morreu Renato Russo, com a foto em que ele está com rosas num cemitério", diz.