Erika Palomino entrou na Folha em 1988, mas foi em 1992 que começou a fazer história no jornalismo.
"Descobri a noite de São Paulo e comecei a fazer matérias do que eu via. Até que um dia o [repórter e crítico de teatro] Nelson de Sá sugeriu à editora Maria Ercilia que eu fizesse uma coluna semanal inspirada em uma do jornal Village Voice, de Nova York."
A coluna Noite Ilustrada estreou chocando muita gente, fora e dentro do jornal. Usando termos como hype, babado e uó e fotos de câmeras descartáveis feitas pelos próprios frequentadores das casas noturnas, recebeu um peteleco de cara do ombudsman: "iniciativa coroada de amadorismo" e que não iria durar. Durou 13 anos.
"A pauta da Erika era transgressiva e é transgressiva até hoje", afirma Maria Ercilia, responsável por aguentar as broncas. Palomino considera que nunca foi totalmente compreendida pelo jornal. Mas alguns a entendiam.
O editor seguinte, Alcino Leite Neto, expandiu sua coluna para nada menos que três páginas semanais. "Eu entrei na Folha com um único objetivo: ser editor da Ilustrada", revela Alcino, que chefiaria diversas áreas no jornal.
Bia Abramo pegou a era dos megashows no Brasil. Houve Hollywood Rock, Free Jazz e as lendárias passagens de Madonna e Michael Jackson pelo país. E curtia férias quando morreu Tom Jobim. "Estava tomando cerveja na praia e ele em todos os canais de TV. Morreu o homem! Ainda bem que tinha deixado alguma coisa pronta."
Zeca Camargo, que se tornaria apresentador da Globo, já havia sido pauteiro do caderno e virou chefe em 1995. "É inesquecível o primeiro texto com seu nome e, embaixo, ver escrito "editor da Ilustrada"." No seu caso, foi no dia seguinte em que assumiu, 11 de abril de 1995, uma reportagem sobre uma exposição no museu Whitney, em Nova York.
Depois, Luiz Caversan, espécie de coringa da Redação, ocupou a função por sete meses. "A Ilustrada tinha muitos problemas de atrasar o fechamento. Então tinha um momento que tinha que ser na base da porrada", conta.
"Eu falava 'olha, se você não fechar esse texto em dois minutos, eu vou desligar o seu computador', porque a gente precisava fechar ao meio-dia e faltavam dois minutos para o meio-dia. 'Mas falta só uma linha, blablablá...'. E eu: 'Amigão, tem uma questão básica: se a sua matéria não for para o jornal, ninguém vai ler'."
Caversan afirma que não chegou a desligar a máquina de ninguém na Ilustrada. O que ele costumava mesmo fazer era chacoalhar o computador do "atrasildo" para demonstrar que não estava para brincadeira. Para desespero dos chips.
"Naquela época, o equipamento era muito ruim. As máquinas eram paraguaias. Quando parava o sistema, aparecia a seguinte mensagem: "No anda bien"."