Em 1970, após tais transformações, a Ilustrada publicou a seguinte reportagem-alerta para os pais: "Droga nos EUA: nova religião para milhares de adolescentes", que descrevia problemas enfrentados pelo governo americano com o uso da maconha, do LSD e da heroína pela juventude americana. Para ilustrar a matéria, o jornal usou uma fotografia de Bob Dylan com a seguinte legenda: "Dylan, cantor dos prazeres da droga, das maravilhas artificiais inacessíveis ao resto dos homens".
No Brasil, o caderno começou a reparar melhor em movimentos culturais menos mainstream, cobrindo, por exemplo, o lançamento (e as discussões a seguir) de "Terra em Transe", de Glauber Rocha, no Rio (maio de 1967), ou a estreia de "O Rei da Vela", com direção de Zé Celso, em São Paulo (setembro de 1967).
Os anos 1970 veriam pelo menos dois editores à frente do caderno: Jefferson del Rios e Helô Machado. Os leitores veriam muito rock e cinema, tanto nacional quanto estrangeiro. Foi a época de Raul Seixas, Secos & Molhados, Rita Lee, Caetano e Gil. Lá fora, muito Rolling Stones, Pink Floyd e até o punk andou aparecendo no caderno. Nas telas, tivemos de "O Poderoso Chefão" a "Guerra nas Estrelas", de "Dona Flor e seus Dois Maridos" a "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia".
Em 1977, a contratação do ex-Pasquim Tarso de Castro deu vazão ao nascimento do Folhetim, um caderno semanal filhote da Ilustrada que, no molde dos suplementos dominicais dos concorrentes, trouxe discussões literárias e intelectuais à Folha.
O primeiro número apareceu em 23 de janeiro, com Tom Jobim na capa, em uma entrevista feita pelo próprio Tarso.
"Era um passo adiante", acredita Boris Casoy. "Entrava no futuro, nas tendências da sociedade. Folhetim não era ousado; era atrevido."
Nos anos 1980, o suplemento faria uma edição inteiramente falsa, escrita por intelectuais reais e fictícios sobre intelectuais igualmente inventados. A dica para o leitor estava na manchete do caderno: "A cultura como esquecimento e falsificação". Dias depois, uma reportagem na Ilustrada contava a brincadeira, entrevistando leitores célebres como o escritor Marcos Rey e o médico Pedro Nava, citado (sem ser consultado) num dos textos como amigo de um tal poeta Agrícola de Almeida.
Não foi o suficiente para segurar um protesto do Sindicato dos Jornalistas, que repreendeu a Folha ao lembrá-la que o jornalismo deveria estar comprometido com a verdade.