GPS Ideológico

Análise do debate político no Twitter

Os influenciadores
Reta ideológica

A posição ideológica de mil influenciadores no Twitter

Folha lança ferramenta GPS Ideológico, que analisa comportamento de 1,7 milhão de usuários e influenciadores políticos

Daniel Mariani Fábio Takahashi Simon Ducroquet Thiago Almeida
São Paulo

Quem tem público mais de direita no Twitter, o vice-presidente Hamilton Mourão ou o escritor Olavo de Carvalho? E quem tem seguidores mais à esquerda, a ex-deputada Manuela D'Ávila ou o ex-prefeito Fernando Haddad?

A partir de modelo estatístico, a Folha analisou 1,7 milhão de usuários brasileiros com interesse em política na rede social e criou a ferramenta GPS Ideológico, para monitorar o debate na rede social (veja aqui a metodologia completa).

O modelo analisa a afinidade entre essas quase duas milhões de contas no Twitter e posiciona perfis considerados influenciadores numa reta ideológica, do ponto mais à direita ao mais à esquerda.

Nesse infográfico estão mil influenciadores desses 1,7 milhão de usuários (utilizando a busca, é possível identificar, por exemplo, que Olavo tem público mais à direita que Mourão; Manuela mais à esquerda que Haddad).

O posicionamento nessa reta ideológica leva em conta a afinidade entre os seguidores que o perfil-influenciador tem. Ou seja, mostra para qual público o perfil mais fala ou representa na rede, mesmo que o influenciador não tenha intenção de ter esse público.

Dois influenciadores que possuem tendência de serem seguidos por um grupo parecido de pessoas ficam mais próximos; perfis que têm seguidores distintos ficam mais distantes nessa reta ideológica.

Em síntese, o modelo indica que Olavo de Carvalho e o deputado federal Eduardo Bolsonaro têm públicos semelhantes e ficam próximos nessa reta ideológica. O perfil de seguidores de Haddad e do líder sem-teto Guilherme Boulos é distinto e fica na outra ponta.

Autor do algoritmo que foi adaptado para o GPS Ideológico, o cientista político Pablo Barberá (London School of Economics) afirma em seus trabalhos acadêmicos que, ao seguir uma pessoa, via de regra o usuário tem afinidade com esse perfil.

Isso porque a pessoa passará a visualizar mais tuítes desse usuário. E receber conteúdo de alguém sem afinidade é algo custoso, em termos de tempo e de atenção – por isso, tende a ser exceção.

A categorização desses influenciadores permite comparar, por exemplo, para qual público os políticos mais falam.

Para o modelo estatístico, mesmo perfis que não sejam propriamente de políticos podem ser bons indicadores do posicionamento político de seus seguidores, pois existe uma similaridade ideológica entre esses seguidores.

Ter na lista o cantor Roger, do Ultraje a Rigor, mostra uma tendência de o usuário ser de direita; seguir o cantor Marcelo D2, de esquerda.

O estudo sobre o Twitter foi desenvolvido pelo DeltaFolha, editoria de jornalismo de dados da Folha que atua desde 2017 e agora foi rebatizada com esse nome.