Os usuários do Twitter à esquerda foram mais ativos em mensagens relacionadas a educação nos últimos dias, período em que o governo Bolsonaro tentou explicar o contingenciamento na área e enfrentou protestos. Os que estão no centro tenderam a ser críticos ao presidente.
Levantamento do GPS Ideológico, ferramenta da Folha que acompanha o debate político na rede social, aponta que usuários mais à esquerda postaram o triplo de mensagens referentes a educação, em relação aos que estão à direita.
Considerando quem as pessoas seguem na plataforma, o GPS Ideológico posicionou 1,7 milhão de usuários ativos da rede numa reta, do ponto mais à esquerda (aqueles que tendem a seguir, por exemplo, políticos do PSOL e PT) ao mais à direita (que tendem a seguir a família Bolsonaro, por exemplo).
Feita essa categorização, a reportagem analisou o volume de mensagens postadas contendo termos como "educação" e "universidade" nos diferentes grupos, entre os dias 5 e 15 de maio.
Além de medir o volume de mensagens, foi possível avaliar também o padrão de compartilhamento (retuítes) de mensagens.
Nessa análise, verificou-se que os usuários que estão no centro tenderam a retuitar mais mensagens de quem está na esquerda do que mensagens da direita.
Pouco mais de 70% das mensagens compartilhadas pelo centro vieram de usuários da esquerda. Esse comportamento não se repete em outros temas. Quando o assunto é Venezuela, o centro retuitou apenas 39% de mensagens da esquerda.
Além disso, as mensagens que mais circularam pelo público no centro tenderam a ser críticas ao governo. Uma das principais delas dizia que o presidente não tem estudo sobre gestão e o guru do governo é um astrólogo, se referindo ao escritor Olavo de Carvalho.
A tendência de o centro pender para a esquerda não se repete em todos os temas analisados pela reportagem.
Sobre a crise na Venezuela, uma mensagem presente no público de centro ironizava o fato de a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, apoiar o ditador Nicolás Maduro. As mensagens analisadas foram postadas entre 23 de abril e 3 de maio.
Para essa análise sobre como os diferentes espectros se comportam diante dos mesmos acontecimentos, a reportagem dividiu os 1,7 milhão de usuários analisados em três grupos (mais à direita, mais à esquerda e centro).