Nascida em uma família em que se debatia livremente as questões femininas, sobre direito e respeito, Tiê aprendeu desde cedo que a desigualdade de gêneros não é aceitável.

"Sempre rolou conversas dentro de casa sobre a valorização da mulher, sobre saber se impor e reconhecer que não somos menos que ninguém", disse a cantora e compositora de 37 anos.

Tiê é uma das 12 personalidades entrevistadas pelo F5 na semana do Dia Internacional da Mulher. São mulheres com experiências distintas que refletem sobre as conquistas femininas e os desafios ainda a serem suplantados.

Se levado a sério o provérbio no qual diz que o fruto não pode cair longe da árvore, Tiê não poderia pensar e agir diferentemente de sua avó, a atriz Vida Alves (1928-2017). Quem conhece a trajetória de vida de Alves, observa que diferenças de gênero não eram vistas pela atriz como impeditivos para ser e fazer o que bem entendesse.

Pioneira, Vida Alves protagonizou o primeiro beijo hétero e gay em novelas brasileiras. Na cena que entrou para a história, Alves beijava o ator Walter Foster no folhetim "Sua Vida Me Pertence", exibida na TV Tupi em 1951. Doze anos depois, a atriz beijou Geórgia Gomide (1937-2011) no teleteatro "Calúnia", na mesma emissora.

	Reprodução/Instagram/tie
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O poder feminino permeava a relação de Tiê com a avó. Após a morte de Vida Alves, a compositora contratou apenas mulheres para cuidar da parte visual de seu quarto álbum de estúdio, "Gaya", lançado no final do ano passado. Foi o caminho encontrado pela neta para trabalhar seus sentimentos.

Além da avó e de outras mulheres da família, Tiê afirma admirar a estilista e ilustradora Rita Wainer, considerada um dos principais nomes da moda brasileira. "Ela é importante por enaltece a mulher nos seus desenhos lindos com frases amorosas e por vir de uma família de mulheres fortes." Wainer é filha da artista plástica, Pinky Wainer, e neta da escritora Danuza Leão.

O interesse da compositora pelo mundo feminino abrange não só pessoas, mas trabalhos e projetos. A paulistana afirma que acompanha e gosta do coletivo Hysteria, que possui um canal no YouTube com conteúdos produzidos somente por mulheres. Diz ter um carinho especial pelo festival Sonora –evento internacional, de origem brasileira, composto por mulheres, de forma colaborativa.

	Jorge Bispo/Folhapress
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Essa frequência que a cantora mantém com a valorização feminina, contudo, tem uma fronteira. Para ela, o importante é falar do poder das mulheres, da capacidade delas, sem preconizar o discurso de ódio. "Não concordo com essa corrente que existe contra os homens."

Tiê afirma que entende e acha bonita e importante a homenagem de ter um dia dedicado à mulher, mas não faz nada especial em sua casa. "A data é super bem-vinda, quando me chamam para fazer shows a favor das mulheres, eu faço, mas não acho que vale comemoração. O respeito deve vir todos os dias."

Nesta quarta (8), a série continua com a entrevista da cantora Iza. No dia seguinte, confira as conversas com a atriz e futura cantora Cleo e a apresentadora do SBT, Patricia Abravanel.