Em uma das entradas do pavilhão na Bienal, painéis coloridos estão pregados na vidraçaria do térreo do prédio. No centro desse andar, esculturas de cogumelos de barro se aglomeram em um círculo.
O espaço, organizado pelo espanhol Antonio Ballester Moreno, pretende mostrar o universo baseado na relação entre a biologia e a cultura.
Os painéis, assinados pelo próprio artista, são idealizados a partir de figuras geométricas e cores vibrantes que carregam um significado relacionado à natureza, como, por exemplo, os traços azuis, que, dispostos irregularmente, representam a chuva.
A organização desse território arquitetado pelo curador conversa com a natureza. "É como se o sol, a mata e a chuva estivessem em volta dos cogumelos", compara. O uso do barro nas esculturas dos fungos remete à vida.
"Não quis trazer a arte consagrada aqui, mas sim a arte popular que é feita com amor", afirma o artista espanhol.
Nessa mesma onda biológica, entre os artistas convidados está o americano Mark Dion que catalogou parte da fauna e da flora do Ibirapuera.
Para isso, uma equipe o acompanhou para colher elementos do parque. Após a colheita, eles reproduziram os objetos encontrados em aquarela. Os resultados dessa pesquisa estarão expostos em um biombo de vidro.
A equipe de Dion foi além de plantinhas e pequenos animais e retratou também objetos que compõem o cenário, como bitucas de cigarro e pregadores de roupa.
Além do americano, há trabalhos de dois alemães. Um deles, Friedrich Fröbel, morto em 1852, aos 70 anos. Pedagogo, ele costumava pedir aos alunos que desenhassem figuras como casas em cubo. Na época, essa técnica se espalhou e foi adotada por jardins de infância da Europa e dos Estados Unidos.
Outra artista de origem germânica é Andrea Büttner, que trabalha com xilogravuras, pinturas em vidro, esculturas, vídeos e performances.
Há também uma instalação com cordéis e poemas de Rafael Sánchez-Mateos Paniagua, que segundo Ballester Moreno "será como um playground, para todos interagirem".
Por fim, outra seleção do curador tem uma história mais pessoal, pois reúne obras de seu avô, José Moreno Cascales. Esculturas de diferentes figuras humanas, algumas delas retratadas como imagens de santos, ocupam uma mesa.