Camisa usada por Pelé na Copa do Mundo de 1970

Camisa usada por Pelé na Copa do Mundo de 1970 Adriano Vizoni/Folhapress

Evolução do Futebol

Capítulo 5
Equipamentos

Procura pela esfera perfeita pautou evolução das bolas

No início feito de couro animal, equipamento atualmente vem até com chip

A Telstar-18, bola que será utilizada na Copa do Mundo da Rússia

A Telstar-18, bola que será utilizada na Copa do Mundo da Rússia

Alberto Nogueira
São Paulo

O boleiro raiz pode até dizer que a bola de futebol não mudou muito desde os primórdios do esporte e continua sendo redonda.

Apesar disso, a busca pela esfera perfeita foi um dos fatores que pautou a evolução da tecnologia das bolas.

Nos primórdios das Copas do Mundo, as bolas mantinham poucos padrões.

Na final de 1930 entre Uruguai e Argentina, o primeiro tempo foi disputado com a Tiento, dos argentinos, e o segundo com a T-model, preferida dos uruguaios.

A seleção argentina encerrou a primeira etapa vencendo por 2 a 1, mas tomou a virada com a bola dos rivais: 4 a 2.

Com várias costuras e feitas de couro animal, a bola pouco resistia às intempéries de uma partida de futebol, ainda mais sendo chutada para lá e para cá a toda força, mudando de formato e peso.

Uma das primeiras inovações aconteceu em 1970 quando a Adidas fechou parceria com a Fifa para fornecer as bolas oficiais do Mundial -o que se mantém até hoje. Depois disso, o equipamento passou a manter um padrão e a evoluir de forma linear.

Composta por 12 pentágonos pretos e 20 hexágonos brancos, a Telstar -nome da bola da Copa de 1970- era mais visível nas transmissões de TV, numa época em que imagens em preto e branco eram mais comuns.

Segundo Bruno Almeida, gerente sênior de relações públicas da Adidas no Brasil, até 1994, as bolas tiveram poucas inovações -exceção feita à substituição do couro animal pelo 100% sintético, em 1986.

No entanto, a Tricolore, bola da Copa do Mundo de 1998, na França, pode ser considerada um marco. Ela trazia uma camada de espuma sintética, que a tornava mais macia, e microbolhas de gás que melhoravam sua velocidade e precisão.

Goleiro espanhol De Gea testou a bola em jogo contra a Alemanha
Goleiro espanhol De Gea testou a bola em jogo contra a Alemanha - Odd Andersen - 23.mar.18/France-Presse

A esfera perfeita só foi alcançada, segundo a Adidas, com a Jabulani, bola da Copa de 2010, na África do Sul, que não tinha gomos costurados.

"A bola é horrível, horrorosa. Parece com aquelas bolas que você compra em supermercado", afirmou Julio Cesar na época.

Casillas, da Espanha, Felipe Melo, Luis Fabiano e Julio Baptista e Robinho fizeram coro ao goleiro da seleção brasileira em 2010.

A Jabulani foi criticada por sua instabilidade aerodinâmica e pela velocidade maior de deslocamento em relação às antecessoras.

"A Brazuca (2014) não mudou muita coisa em relação à Jabulani. E não houve reclamações, pois é uma questão de costume", afirma Almeida.

A Telstar 18 -uma homenagem a bola do Mundial de 1970, segundo a fabricante-, que rolará pelos gramados russos, traz como principal novidade a tecnologia NFC (Comunicação de Campo Próximo), que permite interação de usuários via smartphones.

O porta-voz da companhia diz que, além de geolocalização, a tecnologia presente em um chip dentro da bola poderá calcular a velocidade e distância percorrida por ela, entre outros dados.