O boleiro raiz pode até dizer que a bola de futebol não mudou muito desde os primórdios do esporte e continua sendo redonda.
Apesar disso, a busca pela esfera perfeita foi um dos fatores que pautou a evolução da tecnologia das bolas.
Nos primórdios das Copas do Mundo, as bolas mantinham poucos padrões.
Na final de 1930 entre Uruguai e Argentina, o primeiro tempo foi disputado com a Tiento, dos argentinos, e o segundo com a T-model, preferida dos uruguaios.
A seleção argentina encerrou a primeira etapa vencendo por 2 a 1, mas tomou a virada com a bola dos rivais: 4 a 2.
Com várias costuras e feitas de couro animal, a bola pouco resistia às intempéries de uma partida de futebol, ainda mais sendo chutada para lá e para cá a toda força, mudando de formato e peso.
Uma das primeiras inovações aconteceu em 1970 quando a Adidas fechou parceria com a Fifa para fornecer as bolas oficiais do Mundial -o que se mantém até hoje. Depois disso, o equipamento passou a manter um padrão e a evoluir de forma linear.
Composta por 12 pentágonos pretos e 20 hexágonos brancos, a Telstar -nome da bola da Copa de 1970- era mais visível nas transmissões de TV, numa época em que imagens em preto e branco eram mais comuns.
Segundo Bruno Almeida, gerente sênior de relações públicas da Adidas no Brasil, até 1994, as bolas tiveram poucas inovações -exceção feita à substituição do couro animal pelo 100% sintético, em 1986.
No entanto, a Tricolore, bola da Copa do Mundo de 1998, na França, pode ser considerada um marco. Ela trazia uma camada de espuma sintética, que a tornava mais macia, e microbolhas de gás que melhoravam sua velocidade e precisão.
A esfera perfeita só foi alcançada, segundo a Adidas, com a Jabulani, bola da Copa de 2010, na África do Sul, que não tinha gomos costurados.
"A bola é horrível, horrorosa. Parece com aquelas bolas que você compra em supermercado", afirmou Julio Cesar na época.
Casillas, da Espanha, Felipe Melo, Luis Fabiano e Julio Baptista e Robinho fizeram coro ao goleiro da seleção brasileira em 2010.
A Jabulani foi criticada por sua instabilidade aerodinâmica e pela velocidade maior de deslocamento em relação às antecessoras.
"A Brazuca (2014) não mudou muita coisa em relação à Jabulani. E não houve reclamações, pois é uma questão de costume", afirma Almeida.
A Telstar 18 -uma homenagem a bola do Mundial de 1970, segundo a fabricante-, que rolará pelos gramados russos, traz como principal novidade a tecnologia NFC (Comunicação de Campo Próximo), que permite interação de usuários via smartphones.
O porta-voz da companhia diz que, além de geolocalização, a tecnologia presente em um chip dentro da bola poderá calcular a velocidade e distância percorrida por ela, entre outros dados.