SUPER TRUNFO

Estrategista americana é aposta do Brasil para atingir meta de pódios

PAULO ROBERTO CONDE
DE SÃO PAULO

Kristin Collins não nada, corre ou bate recorde. Nem é nascida no país. Ainda assim, é o trunfo brasileiro para cumprir a meta de ficar entre as dez nações com mais pódios nos Jogos do Rio. Seu esporte são os detalhes. Em 2014, a americana assumiu a tarefa de coordenar o setor de monitoramento tecnológico esportivo.

Kristin é uma pioneira. Desenvolveu sistemas que chamaram a atenção do Comitê Olímpico dos EUA. Em Sydney-2000, sob sua batuta, pela primeira vez, os americanos tiveram um time de monitoramento. "Foi um enorme avanço", recordou-se.

O trabalho a fez ser contratada pelo comitê canadense para ajudar a equipe para os Jogos de Inverno de Vancouver, em 2010. Com 14 ouros, o país bateu o recorde.

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) divide os gastos com ela com a Holanda, com quem brigará pelo top 10. O trabalho de "agente duplo" pode parecer estranho, mas na visão do COB não vai atrapalhar. "Crescemos com nossos adversários", diz Jorge Bichara, gerente-geral de performance esportiva do COB.

Para o Brasil, ela se dedica a filtrar e compilar dados estatísticos a partir de milhares de horas de gravação e análises técnicas de competições.

Alexandre Castelo Branco/COB
Kristin Collins usa a tecnologia para melhorar desempenho de atletas
Kristin Collins usa a tecnologia para melhorar desempenho de atletas

A atuação de Kristin começa na compra de aparato especializado. De softwares como o Dartfish, voltado a análises de vídeo, a câmeras. Com eles, habilita dispositivos em tablets ou computadores e os repassa a esportes que têm parceria com o COB.

Kristin também treina técnicos e assistentes para que eles manejem os equipamentos. Depois que ela e sua equipe montam a programação, cada modalidade tem um modelo específico de aplicativo.

A Folha viu o do judô: em um iPad, o analista registra golpes e falhas dos judocas e transmite as estatísticas em tempo real aos técnicos.

"É uma estatística em tempo real, mas digerível, didática e prática", diz Kristin, filha de um ex-jogador da NBA e mãe de três filhos.

No Pan de Toronto, ela e mais três pessoas trabalharam em uma sala armada na Vila Pan-Americana. Dez computadores gravaram todos os esportes transmitidos. Isso será feito novamente na Rio-2016. A estação ficará dentro da Vila Olímpica.

À Folha ela exibiu vídeo da prova de ciclismo BMX com Renato Rezende, que perdeu. "Ele fez uma manobra muito alta em relação à do rival e nunca mais se recuperou."