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Inocentes presos

Série traça radiografia das prisões injustas no país e mostra quem são suas vítimas

Capítulo 1
Erros de reconhecimento

Veja cem histórias de prisões injustas no país

Artur Rodrigues Rogério Pagnan Rubens Valente
São Paulo Colunista do UOL

Ao longo do último ano, a Folha analisou cem casos de pessoas presas injustamente no país. Os episódios foram colhidos aleatoriamente, por meio de pesquisas junto a advogados, Defensoria Pública, ONGs que atuam na área judicial e notícias publicadas na imprensa. Todos os casos foram checados por meio de conversas com as vítimas dos erros, seus advogados ou busca em arquivos judiciais. Embora as prisões injustas tenham causas múltiplas, em cada caso, a reportagem elegeu um motivo que considerou o mais importante naquela prisão. Abaixo, clique nas imagens dos presos injustamente para saber mais sobre suas histórias.

10 anos ou mais

Eugênio Fiúza Queiroz
Marcos Mariano da Silva
Israel de Oliveira Pacheco
Cícero José de Melo
Eugênio Fiúza Queiroz

Eugênio Fiúza Queiroz

› Artista plástico

› Minas Gerais

Falha reconhecimento incorreto

› solto após 17 anos

Alvo de um dos maiores erros da Justiça brasileira, o artista plástico Eugênio Fiuza foi preso acusado de ser o estuprador conhecido como “maníaco do Anchieta”, em 1995, em Belo Horizonte, e passou 17 anos preso injustamente. Ele foi detido quando conversava com a namorada em uma praça, após ser reconhecido na rua por uma vítima de estupro –oito vítimas o reconheceram na ocasião. Ele relata ter sido torturado vários dias para confessar o crime. “Me bateram, me penduram em pau de arara, colocaram saco plástico na cabeça”, disse à Folha. Na primeira noite que passou na prisão, outros presos o rasparam com lâmina de barbear, gerando ferimentos por todo o corpo. Mesmo estando atrás das grades, Fiuza teve de lidar com suspeitas da polícia de que continuara cometendo crimes contra mulheres. Em 2012, uma vítima reconheceu outro homem, Pedro Meyer, na rua, o que foi o estopim para a reabertura do caso. Após revisão do caso de Eugênio, ele foi inocentado. Na Justiça, ganhou direito a indenização de R$ 2 milhões.

5 a 9 anos

Paulo Antônio Silva
José Carlos Corrêa de Oliveira
Francileudo Firmino de Farias
Eldis Trajano da Silva
Geraldinho Balbino da Silva
Jair Dalberti
Wagno Lúcio da Silva
Eridan Constantino
Antonio Claudio Barbosa de Castro
Paulo Antônio Silva

Paulo Antônio Silva

› Porteiro

› Minas Gerais

Falha reconhecimento incorreto

› solto após 5 anos

O porteiro Paulo Antonio da Silva foi acusado de crimes que teriam sido praticados por um estuprador que agia em série em Belo Horizonte. Paulo foi reconhecido e condenado por dois estupros. O caso dele foi revisado e ele declarado inocente após uma série de vítimas de estupro reconhecerem outro homem, Pedro Meyer, como sendo o autor dos crimes e apontado como o “maníaco do Anchieta”. Outro inocente, Eugênio Fiuza, passou 17 anos preso acusado de cometer os crimes que depois foram atribuídos a Meyer pelas vítimas.

1 a 4 anos

Aldeci Madeiro de Araújo
Danilo Bezerra dos Anjos
Sidney Sylvestre Vieira
Johny Marcos Carvalho Lopes
Railson da Silva Marques
Marley da Silva
Anderson Oliveira
Heberson Lima de Oliveira
William Carlos Toledo
Robert Medeiros da Silva Santos
Mario Cirlei Brito
Marlon Pereira Gomes
Amiri Chaimaa
Márcia França Borges
David Silva Carneiro
Luiz Felipe Neves Gustavo
José Machado Sobral
Barbara Querino de Oliveira
Davi Batista Fernandes dos Santos
Ueverton Freire de Santana
Lucas Moreira de Souza
Lucas Vital e Silva
Claudio Eduardo Leandro Rocha
Cleber Michel Alves
Davidson Sampaio Pacheco
Alisson Jorge de Medeiros
Sebastião Pereira Lima
Paulo Henrique Pereira
Evandro de Almeida
Aldeci Madeiro de Araújo

Aldeci Madeiro de Araújo

› Ajudante geral

› São Paulo

Falha identificação incorreta

› solto após 2 anos

Ajudante geral Aldeci Madeiro foi preso por um crime pelo qual seu irmão havia sido condenado, um latrocínio que aconteceu em 2002. Ao ser preso, o irmão apresentou documento de Aldeci e, posteriormente, conseguiu fugir. Em 2012, sem conseguir tirar atestado de antecedentes criminais, Aldeci foi até a delegacia em São Paulo, onde morava, resolver a questão. No entanto, por constar como procurado, ele acabou sendo preso. O ajudante passaria os próximos dois anos tentando provar que não era o irmão e mandando cartas para autoridades pedindo ajuda, o que incluiu até a então presidente da República, Dilma Rousseff (PT). A lentidão da Justiça foi maior devido ao fato de ele estar preso por um processo de outro estado. Quando ele já havia sido transferido para a Bahia, uma desembargadora acabou recebendo uma dessas cartas e agilizou seu processo de liberdade. Posteriormente, segundo ele, o irmão acabou preso pelo crime.

7 a 11 meses

Atercino Ferreira de Lima
Luiz Alves de Lima
William Salmaso
Gabriel Batista
Alan Aparecido Ferreira
André Luiz Medeiros Biazucc
Raimundo da Silva Sousa
Tiago Vianna Gomes
Vinicius Moreira
Atercino Ferreira de Lima

Atercino Ferreira de Lima

› Vendedor

› São Paulo

Falha testemunho falso ou inconsistente

› solto após 11 meses

Vendedor Atercino Ferreira de Lima foi acusado de abusar dos filhos em 2004, em São Paulo. Em 2017, passou 11 meses preso. Posteriormente, ele acabou inocentado após os filhos admitirem que mentiram na ocasião, em meio a espancamentos, por ordem de uma amiga da ex-mulher. O caso foi revelado pela Folha e depois encampado pela ONG Innocence Project Brasil, que pediu revisão criminal.

1 a 6 meses

Michel Silveira
Claudemir Francisco Teodoro
Vitor dos Santos
João Ricardo Gouveia Bernardes
Wilson Alberto Rosa
Heverton Siqueira
Douglas Wallacy Ricardo
Carlos Roberto Jusviaki
Marcílio Barbosa Soares
Rogério Botelho
Walter Anastácio dos Santos
Douglas Santana Vieira
Diego Aparecido dos Santos
Jaconiaz Barros
Luis Stoqui
Daniele Toledo do Prado
Romeu Ataliba Eismann
Ygor Silva de Oliveira
Lucas Bispo da Silva
Jorge Anderson de Brito Barnabé
Danillo Félix Vicente de Oliveira
Aliton Gonçalves Nascimento
Guilherme da Silva
Jonathas Silva de Paula Ribeiro
Michel Silveira

Michel Silveira

› Agente de saúde

› São Paulo

Falha reconhecimento incorreto

› solto após 3 meses

O agente de saúde Michel Silveira foi preso após ser apontado por uma vítima como autor de um roubo em 2011, em São Paulo. A vítima viu o rapaz passando de carro na rua, anotou a placa e entregou a informação à polícia. O rapaz acabou preso. Imagens do circuito de câmeras da unidade básica de saúde onde ele trabalhava mostraram, porém, que ele estava no trabalho, onde também tinha assinado ficha de frequência.

Menos de 1 mês

Vinícius Romão
Jurandir Xavier da Cruz
Guilherme Martins
Raimundo Laurindo Barbosa Neto
Rodrigo da Silva Costa
Andresley Carlos
Kauê Oliveira Francisco
Leonardo Nascimento
Fabio Cesar de Oliveira
Rubem da Mota Duarte
Douglas Pereira Trindade
Isaque Dobginski
Victor Everton de Carvalho
Cirilo Pereira de Morais Sobrinho
Alan de França
Saimon Lucas Brazil Froes
Hugo Sterman Filho
Adão Rodrigues Torres
Ewerson Ferreira
Danielle Estevão Fortes
Wesley Jairo dos Santos Silva
André Andrade Mezzette
Iago de Oliveira Correa
Michael dos Anjos
Joel Marques Cardoso
Vinícius Romão

Vinícius Romão

› Ator

› Rio de Janeiro

Falha reconhecimento incorreto

› solto após 16 dias

O ator Vinicius Romão foi preso acusado de roubar a bolsa de uma mulher em 2014, no Rio. Rapaz foi abordado por policial e apresentado para reconhecimento da vítima de roubo, que o considerou parecido com o ladrão, sem que fossem seguidos padrões recomendados para reconhecimento, como colocação do suspeito na sala ao lado de pessoas parecidas. Preso em flagrante, ele ficou detido mesmo sem nenhum objeto que o ligasse ao crime. Posteriormente, segundo o processo, a vítima se retratou sobre o caso e disse que tinha dúvidas sobre o reconhecimento feito.