Henrique Meirelles, 72, ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB à Presidência, afirma que as propostas de alguns de seus adversários podem estar contribuindo para a piora na economia e tendo impacto negativo sobre a atual recuperação.
"Basta ler o que eles estão dizendo e chegar às suas conclusões", disse à TV Folha. Meirelles afirma que, apesar da baixíssima popularidade de Michel Temer (MDB), ele defenderá o legado do governo do qual participou.
ECONOMIA MAIS LENTA
É normal que no período eleitoral ocorra alguma variação nas expectativas, nos níveis de confiança e investimento, e que isso influencie um pouco a economia.
A própria perspectiva de algum candidato não prosseguir essa agenda de reformas e modernização pode gerar algum nível de insegurança.
O ajuste (nas expectativas) não é muito diferente daquilo que eu esperava. A maioria dos analistas ainda está com uma previsão de crescimento entre 2,5% e 3% para o ano.
Essa é uma recuperação gradual, que cada vez mais vai tendo consequências. A inflação está baixa há um bom tempo e isso tem um efeito muito grande na sensação de bem estar da população e no padrão de renda. Também foram criados 2 milhões de empregos nos últimos dois anos e a expectativa é de mais 2 milhões neste ano.
PROPOSTAS DOS ADVERSÁRIOS
As propostas feitas por alguns candidatos falam por si. Não é uma questão de rótulo. Quem propõe eliminar o teto de gastos e ter um aumento sem controle nos gastos públicos... Ou restrições à proposta de reforma da Previdência, e voltar atrás em outras...
A Marina (Silva, da Rede) fala do teto, o Ciro (Gomes, do PDT) fala de mudar as reformas já feitas e o (Jair) Bolsonaro (PSL) tem um histórico de votos com uma linha mais intervencionista e estatizante. Basta ler o que eles estão dizendo e chegar às suas conclusões.
Não há duvida de que se algumas propostas que estão sendo feitas pelos extremos forem de fato implementadas, podemos ter problemas graves no futuro.
Se a eleição der a vitória a um candidato que desmonte essas reformas e volte ao que o Brasil tinha até 2016, podemos ter problemas sérios.
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Com ou sem teto (de gastos), a reforma da Previdência é inevitável, haja visto o que aconteceu em países que não fizeram, como a Grécia. Num certo momento, a Previdência quebrou e eles tiveram que cortar o valor da aposentadoria dos já aposentados.
Cortaram 14 vezes, o que é uma barbaridade. Se olharmos as despesas da Previdência, a questão não é quando ou se será feita, mas quão rápido ela terá de ser feita no futuro e quão radical terá de ser se atrasar muito. É uma questão matemática.
DEFESA DE TEMER
O governo tirou o Brasil da maior recessão da história e está fazendo as reformas fundamentais. Fui ministro da Fazenda e parte integrante desse processo de reformas e de recuperação. Não é uma questão de defesa do legado meramente. É de mostrar a realidade, do que está acontecendo no país e os resultados do trabalho deste governo.
Esse esclarecimento, principalmente nos programas de televisão, sobre o que está acontecendo no país terá um efeito decisivo sobre esses aspectos. Defendo, e acho que esse governo está transformando o país. Participei com muito orgulho do trabalho realizado.
CANDIDATOS NO CENTRO
O alinhamento (no centro) se dará naturalmente, e não vai ser feito por acordo prévio nos bastidores, antes da hora. Quando não está claro ainda quais candidatos que de fato terão maior potencial.
Para isso temos dois turnos e um tempo de propaganda na TV. Eu tenho um bom tempo e acredito que, no momento em que isso tudo for conhecido, nossa candidatura tem um potencial enorme de crescer. Essa é uma oportunidade histórica de o MDB ter um candidato e ganhar a eleição.