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Adversários colocam país em risco, diz Henrique Meirelles

Pré-candidato do MDB e ex-ministro afirma que propostas de Marina, Ciro e Bolsonaro podem levar Brasil ao retrocesso

Entrevista com Henrique Meirelles na Redação da Folha

Entrevista com Henrique Meirelles na Redação da Folha

Fernando Canzian Fábio Zanini
São Paulo

Henrique Meirelles, 72, ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB à Presidência, afirma que as propostas de alguns de seus adversários podem estar contribuindo para a piora na economia e tendo impacto negativo sobre a atual recuperação.

"Basta ler o que eles estão dizendo e chegar às suas conclusões", disse à TV Folha. Meirelles afirma que, apesar da baixíssima popularidade de Michel Temer (MDB), ele defenderá o legado do governo do qual participou.

ECONOMIA MAIS LENTA
É normal que no período eleitoral ocorra alguma variação nas expectativas, nos níveis de confiança e investimento, e que isso influencie um pouco a economia.

A própria perspectiva de algum candidato não prosseguir essa agenda de reformas e modernização pode gerar algum nível de insegurança.

O ajuste (nas expectativas) não é muito diferente daquilo que eu esperava. A maioria dos analistas ainda está com uma previsão de crescimento entre 2,5% e 3% para o ano.

Essa é uma recuperação gradual, que cada vez mais vai tendo consequências. A inflação está baixa há um bom tempo e isso tem um efeito muito grande na sensação de bem estar da população e no padrão de renda. Também foram criados 2 milhões de empregos nos últimos dois anos e a expectativa é de mais 2 milhões neste ano.

PROPOSTAS DOS ADVERSÁRIOS
As propostas feitas por alguns candidatos falam por si. Não é uma questão de rótulo. Quem propõe eliminar o teto de gastos e ter um aumento sem controle nos gastos públicos... Ou restrições à proposta de reforma da Previdência, e voltar atrás em outras...

A Marina (Silva, da Rede) fala do teto, o Ciro (Gomes, do PDT) fala de mudar as reformas já feitas e o (Jair) Bolsonaro (PSL) tem um histórico de votos com uma linha mais intervencionista e estatizante. Basta ler o que eles estão dizendo e chegar às suas conclusões.

Não há duvida de que se algumas propostas que estão sendo feitas pelos extremos forem de fato implementadas, podemos ter problemas graves no futuro.

Se a eleição der a vitória a um candidato que desmonte essas reformas e volte ao que o Brasil tinha até 2016, podemos ter problemas sérios.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Com ou sem teto (de gastos), a reforma da Previdência é inevitável, haja visto o que aconteceu em países que não fizeram, como a Grécia. Num certo momento, a Previdência quebrou e eles tiveram que cortar o valor da aposentadoria dos já aposentados.

Cortaram 14 vezes, o que é uma barbaridade. Se olharmos as despesas da Previdência, a questão não é quando ou se será feita, mas quão rápido ela terá de ser feita no futuro e quão radical terá de ser se atrasar muito. É uma questão matemática.

DEFESA DE TEMER
O governo tirou o Brasil da maior recessão da história e está fazendo as reformas fundamentais. Fui ministro da Fazenda e parte integrante desse processo de reformas e de recuperação. Não é uma questão de defesa do legado meramente. É de mostrar a realidade, do que está acontecendo no país e os resultados do trabalho deste governo.

Esse esclarecimento, principalmente nos programas de televisão, sobre o que está acontecendo no país terá um efeito decisivo sobre esses aspectos. Defendo, e acho que esse governo está transformando o país. Participei com muito orgulho do trabalho realizado.

CANDIDATOS NO CENTRO
O alinhamento (no centro) se dará naturalmente, e não vai ser feito por acordo prévio nos bastidores, antes da hora. Quando não está claro ainda quais candidatos que de fato terão maior potencial.

Para isso temos dois turnos e um tempo de propaganda na TV. Eu tenho um bom tempo e acredito que, no momento em que isso tudo for conhecido, nossa candidatura tem um potencial enorme de crescer. Essa é uma oportunidade histórica de o MDB ter um candidato e ganhar a eleição.