Eleições 2018
Pré-candidatos 2018

Manuela defende fim da prisão após 2ª instância e mais Estado na economia

Pré-candidata do PC do B à Presidência diz que torce para Lula disputar a eleição

A pré-candidata à Presidência pelo PC do B, Manuela D'Ávila, durante entrevista à TV Folha

A pré-candidata à Presidência pelo PC do B, Manuela D'Ávila, durante entrevista à TV Folha

Fernando Canzian Thais Bilenky
São Paulo

Manuela D"Ávila, 36, pré-candidata à Presidência pelo PC do B, defende o fim da prisão após condenação em segunda instância e afirma que sua posição (e de seu partido) não é para beneficiar exclusivamente o ex-presidente Lula, preso em Curitiba.

Ela diz esperar que o petista possa se candidatar. "Torço e acredito que ele deva concorrer nas eleições." Em entrevista à TV Folha, Manuela defende que o BNDES e os bancos públicos sejam utilizados para induzir a indústria nacional.

SEGUNDA INSTÂNCIA
Torço e acredito que o presidente Lula deva concorrer nas eleições. Espero que o Supremo faça um debate sobre a ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade) que nosso partido patrocinou para garantir a ele o direito de usufruir da liberdade e, depois, de registrar a sua candidatura.

Esse é um debate importante pois cria-se uma espécie de divisão artificial na sociedade brasileira, como se só existissem os lulistas e os eleitores dele e os que defendem a autonomia do Judiciário de decidir. Não é nada disso o que está colocado.

Infelizmente, nós somos poucos a defender a Constituição de 1988 e o conjunto de legislações que avançamos do ponto de vista penal e civil desde a Constituição. Nosso esforço é fazer a sociedade compreender que essas questões não são relacionadas às eleições, do ponto de vista das candidaturas colocadas, mas que deveria ser um debate anterior.

CUBA E VENEZUELA
Sou candidata a presidente do Brasil. Respeito os caminhos de Cuba e Venezuela e o de todos os povos. A tradição da diplomacia brasileira é de mediação dos conflitos para a paz.

Passamos no último ano para o comando de um presidente que dá pitaco no país vizinho, inclusive fomentando intervenção militar de outra região na nossa. O Brasil precisa apostar nos mecanismos de diálogo para se estabelecer caminhos pacíficos.

O que eu quero para a Venezuela? A paz. Que oposição e governo consigam sentar à mesa e buscar uma solução, que respeitem as regras e as normas. Sobre Cuba, também respeito o caminho que o povo tem escolhido para si. Cuba enfrenta um bloqueio econômico há mais de 50 anos.

ESQUERDA
A esquerda tem um conjunto de candidaturas e o primeiro colocado nas pesquisas, que é o Lula. Nosso campo político tem um bom desempenho. Mesmo sem Lula somamos 24 pontos. Não tenho convicção de que a direita se organizará em torno de uma única candidatura. Eles têm muitos problemas para resolver entre eles.

Neste momento não há um centro, e as candidaturas estão situadas, basicamente, em dois campos: aqueles que defendem, com variações, um projeto de desenvolvimento para o Brasil, entre os quais me situo, e aqueles que defendem um conjunto de reformas ultraconservadoras que não levará à retomada do crescimento da economia.

ESTADO E ECONOMIA
O papel central do BNDES e dos bancos públicos é a garantia da retomada da economia brasileira. O BNDES tem de ser o nosso parceiro na construção de uma indústria nacional que gere empregos de qualidade. O olhar sobre o crescimento da dívida pública mira apenas na doença, no tamanho, e não na capacidade que o Brasil deve ter de retomar o crescimento.

É imprescindível pensar numa reforma tributária. Como combater o aumento da dívida sem debater a capacidade de arrecadar do Estado? Cobramos muitos impostos dos pobres e não cobramos nenhum imposto dos multimilionários.

É engraçado que a gente fala de taxação das grandes fortunas e uma parte da classe média acredita que seu patrimônio se enquadraria em grandes fortunas. Temos uma parte muito pequena da população brasileira que declaradamente recebe mais de R$ 160 mil por mês.