Eleições 2018
Pré-candidatos 2018

Não se sabe quem manda no Brasil, se presidente ou juiz, diz Aldo

Pré-candidato pelo Solidariedade à Presidência diz que país precisa de líder forte, com autoridade

Aldo Rebelo responde a pergunta no estúdio da TV Folha, em São Paulo

Aldo Rebelo responde a pergunta no estúdio da TV Folha, em São Paulo

Fernando Canzian Fábio Zanini
São Paulo

O ex-deputado Aldo Rebelo, 62, pré-candidato à Presidência pelo Solidariedade, diz que o poder no Brasil está "pulverizado" e que o país precisa de um presidente "forte, com autoridade".

Após décadas de militância no PC do B e de uma rápida passagem pelo PSB, ele ingressou no Solidariedade, ligado à Força Sindical. O novo partido de Aldo esteve à frente do processo de impeachment de Dilma Rousseff, de quem ele foi ministro.

DILMA ROUSSEFF
Meu sentimento é de lealdade, gratidão e de reconhecimento dos erros que ela pode ter cometido, inclusive dos erros políticos para que fosse afastada do governo.
Mas essas críticas já foram publicamente manifestadas, inclusive por aliados dela. Seu grau de isolamento facilitou a missão de seus adversários.

NOVO PARTIDO
Minha entrada no partido tem relação com o compromisso com a base dos trabalhadores que compõem o Solidariedade, com o desenvolvimento do Brasil e o direito dos trabalhadores. Me identifico com o movimento sindical.

Minhas convicções profundas e duradouras não se alteram com a filiação partidária.
Eu era dirigente do PC do B, não o PC do B, e nem me responsabilizava pelas opiniões do PC do B. Sobre [Joseph) Stalin (ex-líder soviético acusado de vários crimes], o reconhecimento maior que ele recebeu em vida foi do primeiro ministro britânico [Winston] Churchill, que reconheceu o seu papel na derrota do nazismo e na luta dos aliados.

Essa é a relação que pode merecer essa deferência. No mais, não tenho opinião que me comprometa com os presumíveis erros de Stálin.

NOVO PRESIDENTE
O presidente precisa ser muito forte, ter capacidade e autoridade. É um paradoxo, mas o Brasil vai precisar de um presidente forte, não autoritário, mas com autoridade. Quando olhamos para os Brics, e podemos ter todas as divergências com o presidente dos EUA, mas, quando olhamos, há um chefe no Executivo. Na China, na Índia, na Rússia ou na França (há autoridade).

No Brasil, o poder está pulverizado. Não sabemos mais se manda no país um juiz de primeiro grau, um deputado líder no Congresso ou um ministro do Supremo, onde há 11 autoridades diferenciadas.

SEGUNDO TURNO
É precipitado examinar qual segundo turno poderemos ter. Porque, tirando o Lula da disputa, todos os candidatos viram terceira via.

Ninguém chega a 20% e quase todos têm chance de chegar a 10% A eleição está muito fragmentada e não há um fato novo, que seria a remoção de uma candidatura em favor de outra. Como, hipoteticamente, o Lula apoiar outra candidatura.

NOVO CONGRESSO
A renovação no Congresso deve ficar na média histórica. Quando renovou muito, foi 60%. Quando foi pouco, 40%.

PREVIDÊNCIA
O país precisa voltar a crescer e se desenvolver. É uma lenda dizer que o país não volta a crescer por causa da crise fiscal. Diz isso quem não entende de economia.

O país não volta a crescer porque não há investimento privado, público e confiança dos investidores. Porque não existe a percepção, por parte dos investidores, de um governo que assegure um ambiente favorável ao investimento, que apoie o capital. Não é só a questão fiscal. Todo governo tentou fazer a reforma da Previdência, e não é fácil. É necessária, mas não pode recair sobre os mais fracos. Deve perder quem tem muito, e não são os trabalhadores privados ou rurais. Algumas corporações do setor público precisam ser alcançadas.