Usuários do metrô embarcam e desembarcam das portas dos vagões na estacão da Sé, no centro de São Paulo - Foto Julio Bittencourt/Folhapress

E agora, Brasil? - Transporte urbano

Um diagnóstico do transporte urbano, os problemas e as propostas vindas de pesquisas, dados nacionais e internacionais e análises

Capítulo 10
Mobilidade em grandes centros

Soluções para cada tipo de região metropolitana

A Folha ouviu especialistas e consultou estudos sobre ações que podem favorecer o transporte das dez maiores áreas urbanas do país

Imagens das câmeras de monitoramento com movimentação de passageiros em pontos do VLT no Rio de Janeiro - Julio Bittencourt/Folhapress

Imagens das câmeras de monitoramento com movimentação de passageiros em pontos do VLT no Rio de Janeiro - Julio Bittencourt/Folhapress

Leão Serva


São Paulo (SP)
21,3 milhões

Tem realizado, com atrasos, a implantação da mais completa rede de transportes metropolitanos do país. Deve manter a expansão das linhas programadas de metrô, incluindo linhas de monotrilho em construção. Também segue a melhoria das linhas da CPTM, para equiparar ao metrô. Há corredores de ônibus em desenvolvimento na Grande São Paulo, pela EMTU, e na capital (muito atrasados). Um grande desafio é estender as linhas do metrô para os municípios vizinhos. Precisa realizar uma integração tarifária e logística maior. Deveria implantar logo a Autoridade Metropolitana.


Rio de Janeiro (RJ)
12,3 milhões

Região Metropolitana avançou na implantação da Autoridade Metropolitana. Seus modais construídos para Copa e Olimpíada precisam ser completados (metrô para a Tijuca; VLT no centro e linha 2 do VLT). E os BRTs necessitam de melhor manutenção para evitar a degradação. A crise econômica do estado é uma ameaça ao legado de mobilidade da Copa.


Belo Horizonte (MG)
5,8 milhões

Capital requalificou uma linha de trem metropolitano e implantou BRTs eficientes. Precisa implantar linha 2 de metrô, que beneficiará o centro. Seu desafio também é seguir ampliando a rede sem descuidar da manutenção do que já foi inaugurado.


Brasília (DF)
4,3 milhões

A capital federal tem uma linha de metrô de superfície para as cidades satélites e implantou corredores de BRT para a Copa. A rede precisa agregar logo a linha de VLT pelo eixo central. Alimentação adicional é feita com redes de ônibus.


Porto Alegre (RS)
4,3 milhões

Capital gaúcha requalificou uma linha de trem metropolitana para metrô. Problemas de financiamento estão deixando o sistema degradar rapidamente. Tem que implantar a projetada Linha 2 do metrô. Precisa também estabelecer uma rede para que os ônibus conduzam usuários dos bairros aos "troncos" de alta capacidade (trem, metrô) em vez de manter linhas de ônibus sobrepostas em direção ao centro.


Recife (PE)
4 milhões

Metrópole com graves problemas de manutenção no sistema de alta capacidade implantado (linha de trem metropollitano), com muitas composições paradas para ceder peças de reposição aos veículos que rodam. Tem projeto de implantação de uma linha de VLT na área central e corredores de ônibus BRT para alimentação do sistema estrutural.


Fortaleza (CE)
4 milhões

Desenvolve uma rede de metrô, com a requalificação de uma linha de trem metropolitano. Tem em desenvolvimento a Linha 2-Leste. Projeto local desperdiçou milhões na compra antecipada de "tatuzões" (grandes escavadeiras, normalmente propriedade das empreiteiras contratadas), que estão parados. Precisa completar sistema de metrô (atrasado) e estabelecer rede de ônibus.
Tem já um sistema de VLT desenvolvido localmente com motor a diesel.


Salvador (BA)
4 milhões

Inaugurou uma linha de metrô para a Copa, ainda incompleta, sob gestão privada. Anuncia orgulhosamente que o seu metrô é o que avança mais rapidamente no país - completou uma linha e tem outra em construção. Há um monotrilho em desenvolvimento. Precisa completar as linhas de metrô e estabelecer rede de ônibus voltada para os sistemas de alta capacidade.


Curitiba (PR)
3,5 milhões

A cidade onde foi criado o sistema denominado BRT, prepara agora a implantação de uma linha de metrô, no sentido norte-sul, onde o sistema de ônibus está saturado. Para aumentar sua capacidade, seria necessário ampliar as faixas, solução que começaria a degradar o tecido urbano. Já desde os anos 1970 a cidade discute o que faria quando os corredores de ônibus atingissem o limite da capacidade.
O metrô subterrâneo vai percorrer o mesmo traçado da Linha Azul. A tendência é manter o BRT nas demais linhas, por ser parte da paisagem urbana consolidada. Eventualmente, o VLT poderá ser alternativa a outras linhas que se aproximem do teto de capacidade.

10º
Campinas (SP)
3,1 milhões

A maior cidade do interior paulista se tornou o centro de uma populosa região metropolitana muito espalhada. Com um relevo plano e um traçado de avenidas largas abertas nos anos 1970 e 1980, a cidade precisa implantar transportes públicos de alta/média capacidade.
Os planos de adotar o VLT, como o de Santos (SP), estão sendo trocados pelo BRT, mais barato. Campinas em breve poderá ganhar um jeito de Curitiba.