Camisa usada por Pelé na Copa do Mundo de 1970

Camisa usada por Pelé na Copa do Mundo de 1970 Adriano Vizoni/Folhapress

Evolução do Futebol

Capítulo 2
Negócios

Empresas chinesas se tornam maioria entre as patrocinadoras

Pela primeira vez desde 1990 companhias americanas não dominam lista de parceiros comerciais do Mundial

Fábio Aleixo
Moscou

Pela primeira vez desde 1990, empresas americanas não serão maioria entre os patrocinadores globais da Copa do Mundo. No Mundial da Rússia, este posto será das marcas chinesas.

Quatro dos 12 parceiros comerciais globais da Fifa no torneio -de um total de 16 possíveis- são originários do país asiático, que não conseguiu se classificar para a Copa.

Três deles se associaram à Fifa somente no Mundial: Hisense (fabricante de eletrodomésticos), Vivo (fabricante de smartphones) e Mengniu (fabricante de laticínios).

O outro parceiro chinês é o Wanda Group (conglomerado do ramo imobiliário), que patrocina todos os torneios da entidade desde 2016. Para isso, pagou US$ 150 milhões (R$ 551 milhões) à Fifa entre os anos de 2015 e 2018.

O Wanda faz parte do rol de parceiros globais de elite, que conta ainda com a alemã Adidas, as americanas Coca-Cola e Visa, a coreana Hyundai/Kia Motors e Qatar Airways.

Esta é a terceira Copa patrocinada por empresas chinesas. Em 2010 e 2014, a única parceira era a Yingli Solar (do ramo de energia solar).

"A China está tratando o futebol como um projeto de Estado. O Governo traçou uma meta de popularizar o esporte e torná-lo o número 1 do país e ter uma seleção muito forte em um futuro próximo", diz Stefan Szymanski, professor de gestão esportiva da Universidade de Michigan e autor de "Soccernomics".

Para Szymanski , a China ter manifestado interesse em sediar a Copa de 2034 fará com que cada vez mais companhias do país invistam no futebol.

"As empresas chinesas também querem se tornar ainda mais competitivas no mercado global e nada melhor do que a exposição que terão em uma Copa", completa.

A entrada das empresas chinesas no mercado do futebol veio em boa hora para a Fifa, que sofreu nos últimos anos com escândalos de corrupção e viu a saída de parceiros importantes de longa data, como a Sony e a Emirates.

Dados divulgados pela dona do Mundial apontam expectativa de arrecadação de US$ 1,3 bilhão (R$ 4,78 bilhões) com patrocínios na Copa de 2018. No Brasil, o total arrecadado foi de US$ 1,62 bilhão (R$ 5,95 bilhões na cotação atual).

"Quanto mais patrocinadores conseguirmos, melhor. Mas não iremos baixar o preço para isso", disse Philippe Le Floc'h, chefe do departamento comercial da Fifa.

A entidade implantou um programa organizado de apoiadores corporativos a partir da Copa de 1982. Antes eram apenas patrocínios pontuais.

Na Copa da Espanha, as empresas japonesas foram maioria entre os patrocinadores, com quatro, seguidas pelas firmas americanas, com três. Em 1986, os EUA empataram com o Japão e, em 1990, tomaram a liderança como maiores parceiros da Fifa, posto mantido até 2014.