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Polo comercial leva executivo para viver na 'nova Berrini'

Eduardo Kanpp/Folhapress

PHILIPPE SCERB
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Durante muito tempo ocupado por fábricas e sobrados de classe média, Santo Amaro ganhou, a partir dos anos 1990, torres comerciais como as da região da avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini.

A zona empresarial do bairro, no entorno das avenidas Roque Petroni e Chucri Zaidan, atrai quem quer morar mais perto do trabalho. E, em consequência, imóveis voltados a esse perfil.

É o caso do edifício MaxHaus Alto da Boa Vista, à r. São Benedito, com apartamentos de um quarto (a partir de R$ 787 mil). Segundo Luiz Henrique Vasconcelos, da incorporadora MaxCasa, entre os compradores há pessoas que vêm de bairros centrais em busca de "proximidade do trabalho e de transporte público", considerando a expansão da linha 5 do metrô e a construção da linha 17 do monotrilho.

Santo Amaro concentra mais empreendimentos novos, lançados nos últimos 12 meses que outros distritos da zona sul, como Jabaquara, Campo Belo e Saúde.

A Operação Urbana Água Espraiada e a construção da linha 5 do metrô, no início dos anos 2000, deram um impulso extra à ocupação.

Segundo Paulo Aridan, diretor regional da Odebrecht Realizações Imobiliárias, a operação urbana favoreceu o desenvolvimento da região, gerando uma população mista. "Santo Amaro é um bairro equilibrado, porque propõe a criação de emprego, moradia, lazer e serviço. Elimina-se a necessidade de morar na periferia e trabalhar no centro, modelo ultrapassado de cidade", afirma.

Contudo, as intervenções urbanas e a construção de empreendimentos de alto padrão encarecem os aluguéis.

Segundo Renato Cymbalista, arquiteto e professor da USP, ao deixar o desenvolvimento da região para as "forças do mercado", há o risco de expulsar a população tradicional do bairro.

"Precisamos de mecanismos que permitam a permanência dos moradores na região, por exemplo, a construção de habitação popular".

A operação urbana prevê a construção de 8.500 unidades habitacionais destinadas a moradores das favelas. Dessas, 534 foram concluídas e 438 estão em execução.