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Morte de traficante foi seguida de assassinatos em série

MAURI KONIG
ENVIADO ESPECIAL À TRÍPLICE FRONTEIRA

A morte do traficante Jorge Rafaat Toumani, em junho, foi seguida de uma série de assassinatos na fronteira entre o Paraguai e o Brasil.

Na avaliação da polícia, a facção PCC iniciou uma caçada aos capangas do traficante morto, uma forma de intimidar pela violência.

Quatro dias após a morte de Raffat, três foram metralhados em Pedro Juan Caballero. As vítimas, dois paraguaios e um brasileiro, jogavam vôlei no momento do ataque.

No dia seguinte, pistoleiros mataram cinco homens com quase cem tiros de fuzil e pistola em Paranhos (MS), cidade de 13 mil habitantes ao sul de Ponta Porã. O ataque pode acirrar a guerra na fronteira, uma vez que, entre os mortos, estava Arnaldo Andrés Alderete Peralta, traficante de Ypejhú, cidade paraguaia vizinha a Paranhos.

A ação teria sido o primeiro conflito com o PCC. A região é dominada pelo grupo do ex-prefeito de Ypejhú, Vilmar Neneco Acosta Marques. Acusado de mandar matar 23 pessoas, era procurado pela Interpol pelo assassinato do jornalista paraguaio Pablo Medina. Preso em março de 2015 no interior de Mato Grosso do Sul, foi extraditado para o Paraguai em novembro.

IDENTIDADES

Com o assassinato de Jorge Rafaat Toumani, um brasileiro de 32 anos se tornou o novo chefe da divisão do PCC na região de Pedro Juan Caballero. Conhecido como Gallant, ou Galã, ele usa três identidades: Oliver Giovanni da Silva, Elton da Silva Leonel e Ronaldo Rodrigo Benites.

Galã é aliado de Jarvis Chimenes Pavão, 48, suspeito de ordenar a morte de Rafaat de dentro da penitenciária de Tacumbu, em Assunção, onde cumpre pena por tráfico de drogas. Pavão foi preso em 2009 com Carlos Antônio Caballero, um dos cabeças do PCC no Paraguai.

Galã é foragido da Justiça paraguaia. Chegou a ser preso em Pedro Juan Caballero, em 2011, por posse de armas, munições e drogas. Com ele estava Paulo Augusto de Souza, também do PCC. Os dois foram resgatados da prisão por cinco homens armados.

Por ordem do PCC em aliança com Pavão, Paulo Augusto já havia participado do primeiro ataque a Rafaat, em 7 de março, mas a operação fracassou.