Geografia

De onde viemos?

DE SÃO PAULO

Atrás de medalhas olímpicas, atletas abrem mão ou não arredam pé de seus lares. Definir uma base com boa estrutura é tão vital quanto se aliar a um técnico. Neste ciclo que culmina na Rio-2016, uma gama optou por fincar bandeira no Brasil.

Dupla número 1 e campeã do mundo de vôlei de praia, Alison e Bruno Schmidt treinam em Vila Velha (ES).

A escolha pelo Estado tem a ver com uma necessidade de Alison, prata em Londres-2012. "Viajamos muito durante o ano e ficar perto da família e dos amigos faz muita diferença", disse.

Schmidt, seu parceiro neste ciclo, é brasiliense, mas vive há 12 anos no Espírito Santo. "Já me considero da casa."

Desde que estreou nos Jogos, em Atlanta-1996, o vôlei de praia brasileiro nunca passou em branco. Para manter a tradição e quebrar a escrita de quase 20 anos sem um ouro para as mulheres, Larissa e Talita, uma das melhores duplas do mundo, também apostam no "fator casa".

Elas têm um centro de treinamento à disposição em Fortaleza, com quadra, sala de massagem e fisioterapia, o que consideram um trunfo. "A vantagem de termos nosso próprio CT fechado e fora do agito da praia é a concentração nos treinos e atenção total a tudo que estamos fazendo", afirmou Larissa.

Arthur Zanetti também aposta nas raízes para buscar o bi na ginástica. Ele ainda vive na mesma casa em que cresceu, em uma rua sem saída em São Caetano do Sul.

Também treina na cidade. Enquanto atletas da seleção foram para o Rio na reta final para os Jogos, ele e o treinador Marcos Goto preferiram continuar no ABC. "Era melhor ficar, estar perto da família, em casa", diz o atleta.

Esporte 'gringo'

Para alguns esportistas, no entanto, ficar no Brasil pode significar uma queda brusca de rendimento e resultados.

Rodrigo Pessoa, campeão olímpico em Atenas-2004, por exemplo, construiu toda sua carreira na Europa e viu outros tantos atletas do país fazerem a mesma escolha.

Para praticantes de saltos do hipismo, é difícil ficar longe do continente europeu.

"É onde estão os melhores concursos, os melhores cavaleiros e onde há facilidade maior de locomoção para os animais. É muito desgastante para o animal estar sempre viajando, então acaba ficando inviável morar em outro continente e fazer uma viagem por semana", diz. "Viver no Brasil e ter uma carreira internacional acaba ficando mais difícil."