Minuto a minuto

Veja minuto a minuto o que levou à colisão entre o Legacy e o Boeing

13h50: Em São José dos Campos, a Embraer, fabricante do Legacy, envia ao centro de controle aéreo de Brasília o plano de voo da aeronave. O plano previa um voo feito em três altitudes de cruzeiro: 37.000, 36.000 e 38.000 pés

14h33: A Torre de São José dos Campos pede a Brasília a autorização para o voo até o aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus, informando apenas a altitude dos 37.000 pés. O controlador de Brasília responde "Okay"

14h41: Torre de São José autoriza que os pilotos do Legacy iniciem o taxiamento para o voo a 37.000 pés de altitude. Em depoimento, o controlador de São José dos Campos disse que é comum informar ao piloto apenas a sua primeira altitude do voo. A partir disso, disse o controlador, o piloto deve-se orientar pelo plano de voo que tem em mãos. A norma, no entanto, diz que o controlador deve informar todas as altitudes previstas, da decolagem até o pouso

14h42: Os pilotos do Legacy não se atentam que, segundo o plano de voo, deveriam variar a altitude ao longo da viagem, diferente do que parece dar a entender o controlador. Eles confirmam a informação de voo no nível 37.000 pés de altitude

14h51: O Legacy decola de São José dos Campos

15h19: Em Manaus, os pilotos do Gol pedem autorização para voar no nível de 37.000 pés. Originalmente, eles voariam a 41.000 pés. A mudança, algo corriqueiro no setor aéreo, é autorizada pelos controladores de voo

15h35: O Boeing 737 da Gol decola de Manaus, com destino ao Rio de Janeiro, com escala em Brasília

15h41: Pilotos demonstram desconhecimento da máquina que pilotavam. Durante o voo, tentam entender como ler o sistema de gerenciamento de voo, que informa dados como desempenho de uso de combustível

Reprodução
Cabine de um modelo Legacy, o mesmo que se chocou no ar com um Boeing da Gol, matando 154 pessoas
Cabine de um modelo Legacy, o mesmo que se chocou no ar com um Boeing da Gol, matando 154 pessoas

15h55: Ao passar por Brasília, o Legacy, que voava a 37.000 pés, deveria alterar sua altitude para 36.000 pés, segundo o plano de voo que estava com os pilotos. A tela do radar em Brasília passa a mostrar que a altitude do Legacy está diferente da prevista para aquele trecho. Mas o controlador Jomarcelo dos Santos não percebe a falha.

Sérgio Lima - 4.jun.2006/Folhapress
O controlador de voo Jomarcelo Fernandes dos Santos depõe durante sessão fechada na CPI do Apagão Aéreo, na Câmara dos Deputados
O controlador de voo Jomarcelo Fernandes dos Santos depõe durante sessão fechada na CPI do Apagão Aéreo, na Câmara dos Deputados

16h01: O transporder do Legacy é inadvertidamente desligado. Com isso, o radar de Brasília perde a informação confiável sobre a altitude da aeronave. Além disso, o Legacy para de alertar sobre sua presença a aeronaves que estejam em rota de colisão

16h17: Troca de turno altera os controladores que observavam o Legacy em Brasília. O controlador Jomarcelo informa erroneamente a seu substituto, Lucivando de Alencar, que o Legacy está na altitude prevista no plano de voo: 36.000 pés

Sérgio Lima - 4.jun.2007/Folhapress
O controlador de voo Lucivando Tibúrcio de Alencar durante depoimento à CPI do Apagão Aéreo, em 2007
O controlador de voo Lucivando Tibúrcio de Alencar durante depoimento à CPI do Apagão Aéreo, em 2007

16h26: Lucivando tenta contatar o Legacy sem sucesso. Seriam cinco tentativas ao longo dos próximos 20 minutos

16h30: Legacy entra em um "buraco negro" dos radares de Brasília e desaparece das telas dos controladores

16h33: Legacy passa por um ponto a partir do qual deveria começar a voar a 38.000 pés até Manaus. Mas mais uma vez, a aeronave não altera sua altitude e se mantém a 37.000 pés

16h48: Após quase uma hora sem tentar falar com os controladores, o Legacy tenta chamar os controladores de Brasília pelo rádio. O copiloto, Jan Paul Paladino, não consegue contatar os controladores. Segundo a investigação da Aeronáutica, o tripulante não estava usando a frequência disponível para a área. Pelas normas internacionais, nesse caso o Legacy deveria ativar um código de perda de comunicação no transponder. Se tivessem feito isso, os pilotos perceberiam que o transponder estava desligado

Gilberto Taddey - 9.dez.2006/Folhapress
Jan Paladino ao retornar aos Estados Unidos, após o acidente, em 2006
Jan Paladino ao retornar aos Estados Unidos, após o acidente, em 2006

16h56: O copiloto segue tentando fazer contato com Brasília

16h56: Hora da colisão. Pilotos sentem um impacto, mas não veem no que atingiram.

16h59: Os pilotos percebem que o TCAS, sistema de anticolisão do transponder, está desligado. "Cara, você está com o TCAS Iigado?", pergunta o copiloto. "É, o TCAS está desligado". O sistema alertaria a aproximação perigosa com outra aeronave a tempo de desviar

16h59: O transponder é religado, após praticamente uma hora

17h21: "Nós acertamos algo. Nós acertamos outro avião", diz o piloto Joseph Lepore. "Eu não vi, eu estava tentando contatar".

Raimundo Pacco - 8.dez.2006/Folhapress
O piloto norte-americano Joe Lepore chega à sede da Polícia Federal para depor, em São Paulo, em 2006
O piloto norte-americano Joe Lepore chega à sede da Polícia Federal para depor, em São Paulo, em 2006

17h22: Com uma avaria na asa esquerda, Paladino assume o controle do Legacy e pousa com segurança em uma pista de pouso da Aeronáutica, na serra do Cachimbo, no sul do Pará

Sérgio Lima - 4.out.2006/Folhapress
Legacy após o acidente, em uma unidade da Força Aérea, na serra do Cachimbo, no Pará
Divulgação/Editoria de Arte/Folhapress
Projecao asa quebrada do Legacy
Legacy após o acidente, em uma unidade da Força Aérea, na serra do Cachimbo, no Pará