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Edifícios novos vêm com áreas de lazer cada vez mais inusitadas

TAÍS HIRATA
DE SÃO PAULO

Um totem de sinalização indica a direção de cada atrativo do edifício: para a esquerda, a "praça do luau" e a "praça de chegada"; para a direita, o "pet place", junto à "pista de caminhada".

"Vish, essa aqui eu não sei falar o nome", diz, constrangido, um funcionário do edifício Biografia Mariana, da Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR), quando a reportagem pergunta a alcunha de um dos espaços, onde dezenas de vasos de orquídeas estão dispostos diante de poltronas de jardim. O nome é "green house".

Não adianta mais só piscina e playground. Para chamar a atenção dos futuros moradores, edifícios novos vêm equipados com áreas de lazer cada mais inusitadas.

Os nomes, muitas vezes curiosos, são uma forma de "trazer um lado emocional para um lugar que, às vezes, as pessoas podem não dar valor", explica Juliana Monteiro, diretora da OR.

Os atrativos são considerados importantes na hora de atrair compradores. "São um fator de desempate", diz o diretor de incorporação da Cyrela São Paulo, Piero Sevilla.

Além disso, uma academia equipada ou um espaço de lazer para crianças pode poupar o morador de deslocamentos desnecessários. "Quanto mais coisas dentro do condomínio, menos preciso sair", diz Lucas Tarabori, diretor da Gafisa.

Dentro dos 'edifícios-clube', os cães têm lugar garantido: "dog walk", "pet place" e "agility dog" são alguns dos espaços onde eles podem brincar ou mesmo fazer suas necessidades em um cantinho mais reservado.

Os ambientes gourmet também são praxe: terraços, salões ou 'gardens' com mesas para jantares de maior porte ou cozinhas equipadas. "Acaba sendo uma extensão da casa", diz Juliana.

Outra tendência são áreas verdes que ganham alcunhas como "jardim das frutíferas" ou "praça dos aromas", onde o morador pode colher frutas direto do pé.

Mesmo atrativos, é preciso calcular o custo-benefício dos diferenciais. "Isso tudo encarece o condomínio, é preciso avaliar se serão de fato usados", diz Alessandro Francisco, professor de economia da construção civil da Faap.

Para o gerente de vendas da Lello Igor Freire, os espaços são uma tentativa de aproveitar pequenas áreas que antes ficavam ociosas. "No meu prédio, fizeram um 'caminhozinho' do lado da garagem e disseram que era o caminho do cachorro."

Para ele, o investimento dá resultados. "O consumidor está disposto a pagar mais por isso", resume Freire.