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"Bem servida de transporte" público, região mantém vocação residencial

Raquel Cunha/Folhapress

DHIEGO MAIA
DE SÃO PAULOA zona sul é família desde os anos 1930, quando viveu a sua primeira urbanização. A chegada do metrô, na década de 1970, intensificou ainda mais essa característica.Quase 50 anos depois, os bairros dessa parte da cidade resistem firmes na sua vocação residencial, atraindo empreendimentos pensados para casais com filhos. Nos últimos cinco anos, pelo menos 158 novas torres despejaram ali 4.946 apartamentos –69,5% deles têm entre dois e quatro dormitórios.Esses últimos representam quase 20% do total da região e, na maioria, são de altíssimo padrão (com preços a partir de R$ 1,5 milhão), segundo levantamento da consultoria Geoimovel.A região pesquisada compreende bairros de cinco distritos da zona sul: Vila Mariana, Saúde, Jabaquara, Campo Belo e Santo Amaro. Juntos, eles têm 469 apartamentos prontos para morar.Esse apetite imobiliário no local é novo. Dos empreendimentos lançados nos últimos cinco anos, cerca de 40% foram concentrados nos últimos 12 meses, em áreas antes ocupadas por residências. Dados oficiais mostram que só na região da subprefeitura de Vila Mariana, 1.258 casas desapareceram entre 2007 e 2013.Haja teto: a população da região cresceu 15,22% entre 2000 e 2014, bem acima da taxa da capital, que foi de 9,77%, segundo o IBGE.O desejo de morar na zona sul tem várias explicações, segundo Eduardo Padilha, consultor em infraestrutura do Insper. "Lá, a mobilidade é facilitada, serviços e comércio têm qualidade. É a região mais próxima do ABCD e tem a rodovia dos Imigrantes.""Dependendo do lugar, tudo o que você precisa está a cem, 300 metros de casa", complementa o arquiteto Samuel Kruchin.A também arquiteta Renata Sanomiya, 34, é uma moradora típica: casada, tem um filho e nunca quis sair da Vila Mariana, onde nasceu.Mês que vem, ela e sua família vão andar só 500 metros de onde vivem hoje para ocupar um dos 198 apartamentos do recém-construído edifício Biografia Vila Mariana, da divisão imobiliária da Odebrecht."Saí de um de dois para um de três quartos para dar mais espaço ao meu filho. No novo, ele vai morar numa espécie de clube", diz.O novo endereço de Sanomiya tem spa, academia, brinquedoteca, salão de jogos, piscina e academia. A unidade mais barata, de dois quartos, custa R$ 708,7 mil."A tendência é a de se construir torres com esse imaginário de clube, mas com serviços que funcionam", diz Juliana Monteiro, diretora de incorporações da Odebrecht.p(artHtml5). Encontre seu imóvel UM*A maioria dos imóveis novos na zona sul atendem à família-margarina (mamãe, papai e filhinhos), mas a região também não escapa da tendência imobiliária de toda metrópole: apartamentos cada vez mais compactos, para solteiros ou casais sem filhos.Há 1.507 imóveis de um quarto à venda nos distritos estudados: 30,4% do total.Os prédios menores estão concentrados ao redor de faculdades –a região tem 134 instituições de ensino superior – e no entorno do aeroporto de Congonhas.Para Valter Caldana, diretor da faculdade de arquitetura do Mackenzie, a zona sul guarda um espírito de passeio a pé: "Tem uma boa rede de serviços que convida a sair de casa. O problema é que falta iluminação e segurança para a rua ser acessível a todos."