Economia

Previsões econômicas de dossiê não se concretizaram

TIAGO RIBAS
DE SÃO PAULO

Quando o Rio de Janeiro apresentou sua candidatura para a Olimpíada de 2016, propagandeou ao COI (Comitê Olímpico Internacional) que ele encontraria um país em franco crescimento econômico. Inflação abaixou dos 4% ao ano e dólar abaixo de R$ 2,50 eram alguns dos números previstos pelo dossiê de candidatura carioca, entregue em 2009.

No entanto, sete anos depois, a realidade econômica do país é muito diferente do quadro desenhado.

"Na atual conjuntura financeira internacional, o Brasil se encontra em posição favorável, graças ao seu crescimento constante e a uma sólida política econômica", afirmava o documento. Mas o que se vê hoje é o país caminhando para seu segundo ano consecutivo em recessão.

Após uma retração de 3,8% do PIB em 2015, a expectativa do mercado, segundo o relatório Focus do Banco Central, é que o PIB diminua em 3,35% no ano Olímpico. Será a primeira vez que os Jogos serão realizados em um país em recessão.

As dificuldades econômicas que o país enfrentou nos últimos anos acabaram impedindo que o Brasil entregasse outras promessas. Por exemplo, a de que em 2016 seríamos a quinta maior economia do mundo.

Na época, o Brasil tinha a décima maior economia do planeta. Hoje, avançou pouco. Segundo os últimos relatórios do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, o país ocupa a nona posição no ranking das maiores economias do mundo, logo atrás de Índia e Itália.

NÚMEROS QUE NÃO FECHAM

Um dos pontos destacados no dossiê como prova de que a economia brasileira viva um processo de crescimento sustentável era o controle da inflação. "A economia brasileira está estabilizada há mais de 20 anos e atingiu crescimento sustentável, com projeções de inflação abaixo dos 4% no médio prazo", dizia o documento.

No entanto, desde a previsão, em nenhum ano o Brasil conseguiu manter a inflação abaixo dos 4%.

O documento também previa um aumento gradativo da taxa de câmbio em relação ao dólar. Partindo de R$ 2, previa-se que chegaríamos a 2016 com uma taxa de R$ 2,32.

Ledo engano. Apesar de nos anos seguintes o dólar ter ficado até abaixo dos R$ 2, a partir de 2015 a taxa de câmbio explodiu e, neste ano, a taxa média de câmbio é até 21 de junho era de R$ 3,39.

Por último, o dossiê destacava o controle brasileiro sobre as contas públicas. "Os principais indicadores continuam sólidos, e os baixos índices de dívida pública e privada fornecem uma base econômica robusta para garantir a entrega dos Jogos", dizia o documento.

No entanto, a dívida pública geral cresceu no período. E a situação é especialmente grave no Estado do Rio, que decretou calamidade pública para poder receber ajuda federal e garantir os serviços públicos durante os Jogos.