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Imigrantes dão vida nova ao Brás e causam valorização imobiliária

Bruno Santos/Folhapress

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Rubens Ceballos, 32, chegou ao Brás, saído de La Paz, em 2004. No Brasil, trabalhou por sete anos em confecções, conheceu sua mulher, casou, teve duas filhas.

Nesse tempo, mudou-se do bairro onde até hoje se concentram imigrantes bolivianos, mas, há cinco meses, voltou. Para abrir seu restaurante de comida típica nos arredores da rua Coimbra, que está se tornando o polo gastronômico e social do Brás.

Nesses cinco meses, cinco casas de "pollo a la broaster" (frango empanado na grelha) foram inauguradas na área.

Há duas décadas, quando a boliviana Julieta Guadalupe Martinez de Hurtado chegou ao Brás, também para trabalhar em confecção, a rua Coimbra era vazia. Casas desabitadas e galpões dominavam a paisagem sem gente.

Há 14 anos, Julieta e o marido abriram o restaurante "El Campeón", na Coimbra. Hoje, eles também mantêm uma agência de turismo e câmbio.

"Nos últimos cinco anos, abriram muitos restaurantes e os donos estão comprando casas aqui, para morar perto de seus negócios", diz ela. Além dos restaurantes, das agências e dos cabeleireiros, uma feira de comida e artesanato realizada aos sábados e domingos na rua Coimbra está atraindo a atenção.

A feira acaba de ser regularizada. Para isso, conta com a prefeitura, que prevê revitalização, alargamento da rua, nova iluminação e arborização.

Mas os sonhos de progresso dos novos comerciantes convivem com a realidade dos novos imigrantes, saídos da Bolívia, do Paraguai, do Peru, da África e do Haiti, nas mesmas condições precárias de duas décadas atrás.

"Para os bolivianos que estão chegando em busca de trabalho, a situação está quase igual" afirma Zacarias Saavedra, 62.

Formado em comunicação social na Bolívia, Saavreda vive há 11 anos no Brasil. Ele trabalha com o Cami (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante), orientando conterrâneos que chegam ao país. Um dos maiores problemas é encontrar moradia.

"Eles só conseguem alugar casas deterioradas, mas pagam o dobro do valor de mercado do aluguel. E os proprietários não consertam uma goteira", afirma.

Os preços subiram mesmo, segundo o corretor Gilberto Cássia Lima, 32. O Brás era industrial, mas com o estabelecimento dos imigrantes, diz, isso está mudando -e inflacionando o preço dos aluguéis. "Do ponto de vista comercial, é bom, mas os moradores antigos não gostam dessas mudanças", avalia.

Ze Carlos Barretta/Folhapress
Apartamento decorado do empreendimento In Parque Belém
Apartamento decorado do empreendimento In Parque Belém

CHEIRO DE NOVO

A dois quilômetros da rua Coimbra, está sendo erguido o edifício In Parque Belém, com apartamentos que variam de 55 a 65 m². O preço médio do metro quadrado é de pouco menos de R$ 6.500.