Todo mundo foi neném

Ruth Rocha recorda os contos de fadas da infância, ambientados em Salvador

Arquivo Pessoal e Adriano Vizoni/Folhapress
A escritora Ruth Rocha, com um ano de idade, e hoje

RICARDO BUNDUKY
DE SÃO PAULO

Uma das mais renomadas escritoras de livros infantis e membro da Academia Brasileira de Letras, Ruth Rocha, 84, foi uma ouvinte entusiasmada quando pequena. "Me lembro da infância toda ouvindo muitas histórias". Eram contos de fadas, lendas folclóricas e livros de Monteiro Lobato, contados pela mãe e pelo pai.

Quando o narrador era o avô, de origem baiana, as histórias sempre terminavam em Salvador (BA). "Ele dizia: aí a Branca de Neve casou com o príncipe e eu fiz uma bandeja muito grande de doces para você, mas quando estava na ladeira do Escorrega, caí e quebrou tudo".

Entre as brincadeiras prediletas com a irmã, elenca as de casinha e bonecas -com direito a comida de mentira- e os livros de colorir. A imaginação dava vida também às peças de rei e da rainha do jogo de xadrez de seu pai.

As crises graves de asma, que teve desde os 3 anos, renderam cuidados ainda mais especiais da mãe, que lhe dava gibis, ligava o rádio e preparava um "mingau gostoso". "Ela ficava um tempão comigo enquanto eu estivesse acordada, para não me deixar sozinha. Foi uma das coisas que mais me marcaram".