Antes da aula

Linha pedagógica da escola faz diferença a partir dos 3 anos de idade

DIEGO IWATA LIMA
DE SÃO PAULO

Quanto e quando os pais devem se preocupar com a linha pedagógica da escola? Especialistas dizem que é só a partir dos três anos que a linha adotada pela escola começa a fazer diferença no desenvolvimento da criança, ficando ainda mais importante no ensino fundamental.

Mas conhecer a linha pedagógica vai além do próprio aprendizado infantil: é uma maneira de saber também se a instituição combina com a vida da família.

"É preciso haver coerência entre os perfis da família e da escola e um alinhamento de expectativas. Uma criança que tenha uma educação rígida em casa vai estranhar o aspecto libertário de uma escola progressista, por exemplo", afirma Roseli Caldas, doutora em psicologia da educação.

Conhecer bem o perfil da escola pode evitar trocas desconfortáveis mais adiante. "A troca constante de escola é prejudicial, já que muito do aprendizado é feito por vínculo afetivo. Se a criança sai da escola, o vínculo não se forma", diz a psicopedagoga Carolina Rosenberger.

Saber se a escola é construtivista, Waldorf ou montessoriana, no entanto, não é tudo. Afinal, é comum que uma instituição se declare seguidora de uma linha específica, mas tenha no dia a dia práticas diferentes, adaptadas à realidade.

A melhor maneira de saber de fato como uma escola funciona, para os pedagogos, é conversando com os pais de alunos mais velhos.

"Há muito marketing. Dá status a uma escola se dizer construtivista, por exemplo", diz Caldas.

E, mesmo que a escola adote uma linha pedagógica de maneira ortodoxa, também é importante que a admiração dos pais por conceitos educacionais não se sobreponha à capacidade da criança de se adequar aos seus métodos.

Popularizou-se no século 18, na França, com o objetivo de tornar o acesso ao conhecimento universal. As informações são transmitidas pelos professores. Tem como cerne a disciplina e a uniformização do conteúdo. Hoje, dá grande importância para os processos de ingresso na universidade. As avaliações aferem a quantidade de informação absorvida pelo aluno.

TRADICIONALISTA

Ilustração Toni D'Agostinho

Popularizou-se no século 18, na França, com o objetivo de tornar o acesso ao conhecimento universal. As informações são transmitidas pelos professores. Tem como cerne a disciplina e a uniformização do conteúdo. Hoje, dá grande importância para os processos de ingresso na universidade. As avaliações aferem a quantidade de informação absorvida pelo aluno.

- Salas de aula com carteiras e, normalmente, organizadas em fileiras
- Livros didáticos e apostilas padronizados
- Provas sazonais como meio de avaliação

SOCIOINTERACIONISTA

Ilustração Toni D'Agostinho

Proposto pelo bielorrusso Lev Vygotski (1896-1934), o sociointeracionismo afirma que a criança aprende pela interação com o outro e com seu contexto social. O professor é o mediador que estimula alunos a se relacionarem e se questionarem como forma de aprender. O currículo varia de acordo com o cotidiano.

- Salas de aula não convencionais e pouco numerosas
- Professores que atuam como mediadores das relações entre os alunos
- Alunos são estimulados a expor suas ideias publicamente

HUMANISTA

Ilustração Toni D'Agostinho

Derivada da teoria psicológica do norte-americano Carl Rogers (1902-1987), propõe um pacto de igualdade entre alunos e professores. No início de cada período letivo -sendo bimestre ou mês-, alunos e professores discutem juntos o conteúdo proposto e as metas de ensino. Alunos têm objetivos de aprendizado e poder de decisão.

- Liberdade total de conteúdo
- Aspectos intelectuais são tão importantes quanto conteúdo didático
- Atividades experimentais

MONTESSORIANA

Ilustração Toni D'Agostinho

A italiana Maria Montessori (1870-1952) acreditava na capacidade de o aluno se autoensinar por meio de atividades voltadas para o desenvolvimento do senso de responsabilidade. Enfatiza a concentração individual por meio da manipulação de objetos. O professor é um guia que remove obstáculos à aprendizagem.

- Alunos se sentam no chão, em círculos
- Espaços de aula são variados, sem assentos fixos, e oferecem objetos coloridos e diversificados para manipulação
- Materiais são compartilhados

DEMOCRÁTICA

Ilustração Toni D'Agostinho

As regras e a organização do cotidiano escolar são definidas em assembleias com estudantes, professores, funcionários e pais. Os alunos são ouvidos para decidir o que e como querem aprender. As aulas costumam ter projetos em grupos de pesquisa, o que visa estimular a vontade de aprender. Não há provas, mas autoavaliações individuais.

- Os alunos escolhem a que aulas querem assistir
- Não há provas
- Conteúdo é assimilado pelos alunos por meio de abordagens criativas e pouco convencionais

CONSTRUTIVISTA

Ilustração Toni D'Agostinho

Inspirado nos estudos do psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), o construtivismo valoriza os estímulos do ambiente, o repertório do aluno e seus erros. Os alunos participam de atividades variadas e autônomas, como música e dramatizações. O conhecimento é adquirido gradativamente, por meio da formulação e da solução de hipóteses.

- Não há provas. O professor conceitua o aluno por meio da observação individual e em grupo
- Material didático mais flexível e próximo da realidade dos alunos
- Classes com poucos alunos

ANTROPOSÓFICA

Ilustração Toni D'Agostinho

Desenvolvida pelo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), preocupa-se com o desenvolvimento físico, social, emocional e intelectual do aluno. O conteúdo é adequado às necessidades de cada fase da vida. Proporciona atividades artísticas e manuais, como jardinagem e culinária. Os alunos são divididos por faixa etária (não há séries). Só no ensino médio há professores especialistas.

- Tendência de um mesmo professor por módulos de sete anos (de 0 a 7, de 8 a 14)
- Pouca rigidez com prazos e horários
- Não alfabetiza até os 7 anos