PATROCINADORES E INVESTIMENTOS

Comitê consegue meta mesmo sem Petrobras e Vale

Foto do Centro de imprensa e do Centro de Transmissão Internacional, que vão atender até 25 mil profissionais Yasuyoshi Chiba/AFP
Centro de imprensa (esq.) e Centro de Transmissão Internacional, que vão atender até 25 mil profissionais

Apesar das dúvidas iniciais do COI (Comitê Olímpico Internacional) e da ausência das duas maiores empresas do país (Petrobras e Vale), o valor obtido com patrocínio nos Jogos do Rio será semelhante ao da Olimpíada de 2012, segundo o comitê organizador.

"Não obstante todos os nossos problemas políticos e econômicos, vamos chegar a um nível de patrocínio similar a Londres, mesmo não contando com Petrobras e Vale, que eram teoricamente os 'suspeitos' mais fortes para serem patrocinadores brasileiros", afirmou Renato Ciuchini, diretor-executivo do Comitê Rio-2016.

Do orçamento de R$ 7,4 bilhões do comitê organizador, R$ 3,05 bilhões vieram dos patrocínios locais (41%) e R$ 1,85 bilhão (25%) foi repassado pelo COI pelos direitos de transmissão. O montante restante teve como origem a venda de ingressos (14%) e a cota de patrocinadores globais do COI (12%), além de licenciamento e outras fontes.

Só de patrocínio local, pelo câmbio atual, foram arrecadados US$ 936 milhões, ante US$ 1,15 bilhão em Londres. "Esse dinheiro começou a ser arrecadado com o dólar a R$ 1,8 e agora está a R$ 3,30, temos uma receita em dólar que varia de US$ 1,7 bilhão, mais ou menos, até US$ 900 milhões", diz Ciuchini.

Segundo ele, o cumprimenta da meta era motivo de desconfiança pelo COI. "O mercado de esporte no Brasil não tinha volumes muito altos de patrocínio, eles tinham dúvidas se o mercado teria essa capacidade de absorver o dinheiro que é necessário para fazer a Olimpíada do ponto de vista do patrocínio."

DIVISÃO

O patrocínio tem três níveis de contribuição. São mais de 50 empresas, divididas por segmentos econômicos para não haver competição entre concorrentes.

Todo o processo foi pensado pelo critério do "Value in Kind" (VIK), para que os patrocinadores pudessem dar a maior parte possível da contribuição na forma de bens e serviços. Essa permuta representa, segundo Ciuchini, cerca de 60% do orçamento de patrocínio. Net, Claro, Embratel, Correios e Bradesco são exemplos de companhias que entraram com serviços essenciais para o evento.

Outra preocupação envolveu o "marketing de emboscada", quando uma empresa não patrocinadora se utiliza da marca do evento. Na Copa 2014 isso foi um problema, ainda que os patrocinadores contassem com a vantagem de expor suas marcas dentro dos estádios, o que não acontece com as arenas da Olimpíada. "Tiramos o grupo de proteção às marcas da área jurídica e levamos para a área comercial. Não é um trabalho de advogado de ficar coibindo a padaria que fez um pão com os aros olímpicos, mas um trabalho de educação do mercado de agências publicitárias e dos executivos dos concorrentes dos nossos patrocinadores", diz Ciuchini.

INGRESSOS

A meta de ingressos era de R$ 1,045 bilhão. Segundo Donovan Ferreti, diretor de ingressos do Comitê Rio-2016, R$ 960 milhões (92%) já foram arrecadados. Dos 6 milhões de bilhetes colocados à venda, 4,3 milhões (72%) já foram vendidos, sendo 1 milhão (23%) para o exterior.

São números melhores que o planejado, de acordo com Ferreti. O número de ingressos colocados à venda é inferior ao dos Jogos anteriores (8,5 milhões) porque as arenas brasileiras "são menores que as de Londres, inclusive os estádios de futebol".

Essa é uma das razões para a previsão de arrecadação menor que Londres, que foi de US$ 988 milhões (R$ 3,22 bilhões). A outra é a diferença da força das moedas. E houve um esforço para tornar mais acessíveis os ingressos. A previsão de venda com produtos licenciados é de R$ 1 bilhão. Segundo Sylmara Multini, gerente-geral de licenciamento, 20% já foram arrecadados, na meta. São 65 contratos para 3.000 itens desenvolvidos, que são vendidos em 132 lojas exclusivas, além dos canais usados pelas próprias fabricantes, escolhidas em concorrência.