Diretora de arte mostra seus pontos favoritos do centro
DE SÃO PAULO
São Paulo tem muitas cores, tons e matizes. É assim que a diretora de arte Laura Carvalho enxerga a capital paulista e, mais especificamente, o centro da cidade, onde mora há seis anos.
O centro é o foco deste segundo episódio da websérie "Volta na Quadra", protagonizado por Juliana. O vídeo faz parte do especial "Morar", que destaca novas oportunidades de moradia à venda em São Paulo. A primeira parte enfocou as regiões de Perdizes e Sumaré, na zona oeste, e acompanhou a rotina do cantor Chico César pelo segundo bairro.
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FAMOSOS CONTAM COMO É VIVER NO CENTRO
OLIVIER ANQUIER, 55
COZINHEIRO E APRESENTADOR
Carlos Cecconello/Folhapress | ||
O cozinheiro Olivier Anquier |
O chef de cozinha e apresentador Olivier Anquier mora há quase dez anos em um apartamento na praça da República.
Parisiense, foi no bairro da região central que ele reencontrou suas origens francesas. "Me sinto próximo do que estava acostumado a viver na minha cidade", conta.
É entre a Sala São Paulo e a Pinacoteca, o centro histórico e suas praças e o vai e vem de pedestres que Olivier enxerga a alma da cidade. "É um prazer isso de poder se misturar com todo mundo, com todas as classes", afirma.
A variedade de transporte público também é destaque. "Por ser o centro, você tem acesso fácil a todos os bairros, seja de metrô ou de ônibus, quase todas as linhas passam por aqui".
O chef pretende ficar na República por mais tempo já que, em breve, também vai abrir uma padaria e um restaurante por lá. "É o bairro mais interessante da cidade".
RITA CADILLAC, 61
CANTORA E DANÇARINA
Vinicius Pereira/Folhapress | ||
A cantora e apresentadora Rita Cadillac |
Há 15 anos em Santa Cecília, Rita Cadillac é figura conhecida na região. "Frequento a Praça Buenos Aires com a minha cachorrinha, gosto de andar pelas ruas, ir ao shopping e à feira", afirma.
Rita conta que a localização foi um fator que pesou na escolha de trocar Santana (zona norte), onde morou por vários anos, pelo bairro central paulistano. "É mais fácil de se locomover, vou a pé para a rua 25 de Março, chego em qualquer lugar com o metrô", diz.
Uma região onde contrastes se encontram, Santa Cecília fica ao lado da região da Cracolândia e de Higienópolis. "É um bairro legal, meio boêmio, onde tem de tudo, do comércio popular ao sofisticado. Brinco que moro no 'Baixo Higienópolis."
Assim como o vizinho rico, Santa Cecília já foi um bairro típico judeu, mas Rita conta que o perfil dos moradores está mudando. Segundo ela, hoje, muitos coreanos, chineses, africanos e árabes estão por lá.
"Aqui é maravilhoso", conta a artista, que nem considera a hipótese de deixar o bairro. Fã da diversidade dos moradores e do comércio local, ela afirma que quem se muda de Santa Cecília costuma voltar. "As pessoas ficam tristes quando precisam sair daqui".
PAULO MENDES DA ROCHA, 86
ARQUITETO
Danilo Verpa/Folhapress | ||
O arquiteto Paulo Mendes da Rocha |
"Mudei para Higienópolis para poder efetivamente habitar a cidade", conta o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, ganhador do prêmio Pritzker, o mais importante da sua profissão, e que há 15 anos saiu do Butantã (zona oeste) para viver mais perto do centro.
Com escritório próximo à praça da República, Rocha faz todos os dias o trajeto entre sua casa e o trabalho a pé. É assim que ele gosta de se locomover pela cidade, com ocasionais saídas de táxi e metrô.
O arquiteto explica que hoje é raro encontrar bairros bem planejados em torno de centros comerciais, porque as regiões tendem a se tornarem zonas exclusivas, só habitacionais ou só comerciais. "Isso é a maior besteira que se pode fazer do ponto de vista do planejamento da cidade", critica.
Rocha é entusiasta dos locais que reúnem opções de comércio, diversão, cultura, transporte público e residências, algo que em São Paulo, diz ele, só se encontra no centro. "Quando você está no centro da cidade, você vê as pessoas. Nos bairros você não vê ninguém", afirma.
MARINA PERSON, 46
CINEASTA E APRESENTADORA
Bruno Poletti/folhapress | ||
A cineasta e apresentadora Marina Person |
"Higienópolis tem os prédios mais lindos da cidade", afirma Marina Person, cineasta e apresentadora, que desde 2005 escolheu o bairro para viver.
Na região, ela diz encontrar lembranças de uma São Paulo que ainda não tinha a paisagem pasteurizada de hoje, onde é possível viver uma vida de bairro numa zona com as vantagens do centro.
Marina vai ao trabalho, supermercado, academia, padaria e até à terapia a pé. Na hora de passear pelo bairro, sempre passa pela Praça Vilaboim e pelo Parque Buenos Aires. A bicicleta também é seu meio de transporte, "estou adorando as ciclovias", conta.
Usuária do metrô, ela aguarda com ansiedade a inauguração da estação Higienópolis-Mackenzie, da Linha 4 (Amarela, do metrô) ao contrário de alguns outros moradores do bairro, que já se manifestaram contra sua construção. "Eles vão se acostumar, vai ser melhor para todo mundo", acredita.
Também vem dos outros moradores a única coisa que não lhe agrada no bairro: os "panelaços" frequentes.
WALÉRIO ARAÚJO, 45
ESTILISTA
Lucas Lima/Folhapress | ||
O estilista Walério Araújo |
Há 18 anos morando no edifício Copan, o estilista Walério Araújo é quase um embaixador do prédio desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. "Fui uma das pessoas que ajudou a acabar com o preconceito com o Copan, por causa das clientes que trouxe para cá", conta.
Ele, que desenha peças para artistas como Maria Rita e Valesca Popozuda, conta que suas clientes gostam de visitá-lo em seu apartamento. "Quem não conhece [o prédio] se surpreende. Muita gente tem curiosidade de vir aqui por causa da arquitetura", diz.
A localização é um dos motivos que levaram Araújo a escolher o lugar. "Daqui eu vou para a Paulista, para os Jardins, Liberdade, Estação da Luz. O verdadeiro centro é aqui".
Em quase duas décadas de Copan, o estilista viu o perfil dos moradores mudar. "Antes tinha muitos casais de idosos, agora tem muito mais jovens, o Copan está descolado", afirma, citando que a mudança também atingiu as lojas localizadas no térreo do prédio.
"Me sinto muito bem aqui, não pretendo sair", conta. As únicas ressalvas são quanto ao valor do condomínio, que diz ter aumentado muito, e à vista de seu apartamento. Atual morador do Bloco A, o primeiro entre seis, ele lembra com saudade da vista que tinha no Bloco B. "Eu via toda São Paulo, até a Serra da Cantareira".
MARTIN MENDONÇA, 39
MÚSICO
Bruno Poletti/Folhapress | ||
O músico Martin Mendonça |
Nascido em Salvador, o músico Martin Mendonça, guitarrista da cantora Pitty desde 2003, e que formou com ela a dupla Agridoce, já teve cinco endereços diferentes em São Paulo -todos na rua Augusta.
"Quando vim definitivamente para cá, em 2005, todo o pessoal da banda da Pitty morava na Augusta e também ensaiávamos aqui", conta. Agora, só restam ele e o baterista Eduardo Machado.
A agitada vida noturna da rua, uma das mais famosas de São Paulo, é o céu e o inferno para Mendonça. "Tenho que pegar um táxi e sair para outras regiões aos finais de semana. Tem muita gente", conta ele, que tem dois filhos pequenos.
Por outro lado, a movimentação até altas horas, todos os dias, dá mais segurança para o trajeto realizado a pé pela mulher dele, entre o metrô e o apartamento em que vivem. "Se não morássemos aqui, seríamos obrigados a ter um carro", explica.
Além da ótima oferta de serviços, outra qualidade da rua Augusta, citada por ele é a concentração de baianos. "Me sinto em casa", conta.
Ele só não sabe se vai continuar morando na rua por muito mais tempo. Ele reclama da onda de novos moradores por lá. "Não tenho mais oportunidade de usufruir da vida noturna e da gastronomia daqui. Agora, as filas estão enormes."