De perto, todo mundo é normal

Indignado com 'golpe', tuiteiro dispara ataques contra Justiça e grande mídia

LUÍS COSTA
DA EDITORIA DE TREINAMENTO

Bruno Eloi, 49, alveja do Twitter "bandos de safados", "corjas de pilantras", "fascistas de merda", "vermes das sombras", "zumbis funcionais da Globo" e outras figuras. Esse fã de Raul Seixas, leitor de Maquiavel e crítico ácido da grande imprensa se define como "um cidadão pensador". "Faço perguntas que incomodam mesmo."

Em três anos na rede social, o consultor de marketing paulistano já disparou cerca de 82 mil tuítes, algo como 75 por dia —no mais das vezes, comentários e compartilhamentos de outros perfis à esquerda.

A escrita é recheada de palavrões. "Juiz [Sergio] Moro é o pau de bosta do golpe, o que faz o trabalho sujo da Justiça" escreveu em certa ocasião. Sobre uma comentarista da Globo News, disse: "Você é um Exu do lodo, chafurda no limo das baixas frequências, é a pior espécie da escória humana, dissimula, mente, trapaceia".

Bruno Santos/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 29-05-2017: Bruno Eloi, personagem de perfil para o projeto final do treinamento. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FSP-TREINAMENTO *** EXCLUSIVO FOLHA***
O consultor de marketing Bruno Eloi, 49, na sala do seu apartamento, na zona sul de São Paulo

Bruno não lê a Folha, o que não o impediu de, no Twitter, mandar o jornal "tomar no centro do olho do núcleo do rabo" por não ter citado o governo Lula em uma reportagem sobre o uso de energia limpa.

O crítico de mídia também não assiste a televisão há um ano. "A grande imprensa informa conforme os interesses financeiros. Seis famílias dominam a informação no Brasil."

Ao vivo, Bruno usa vocabulário comedido e ensaia um mea-culpa. "Se um mal intencionado qualquer pinçar um comentário meu, é óbvio que estarei falando palavrão e ofendendo. Mas eu sempre explico por que estou criticando", afirma.

Divorciado, três filhos, Bruno divide o tempo entre o trabalho em home office, maratonas de séries na Netflix, filmes e livros.

A militância, ele afirma, é a de um "cidadão comum indignado", desgostoso com o "abismo social" brasileiro e em uma cruzada na rede contra a grande mídia. "Se eu puder salvar uma alma, tô feliz", diz.