De perto, todo mundo é normal

'Guerreiros' da liberdade de expressão usam internet como bunker pessoal

DA EDITORIA DE TREINAMENTO

Harry, 29, quer fundar a versão brasileira do partido de Adolf Hitler para "resgatar a superioridade do povo brasileiro". Bruno, 49, manda jornais "tomarem no centro do olho do núcleo do rabo". João, 58, sonha ver apodrecerem na cadeia Lula, Temer, Renan Calheiros e Dilma, aquela com "cara de Fuleco estuprado". Chico, 52, dispara afrontas contra "evanjegues" e "feminazis".

Pela virulência do que postam, entram facilmente na classificação de "haters", os odiadores que pululam na internet. O quarteto, no entanto, prefere recusar o carimbo —veem-se como cidadãos indignados e "guerreiros" da livre expressão.

Três deles já tiveram contas suspensas por infringir regras do debate nas redes sociais. No cara a cara, porém, mostram-se afáveis e dialogam com serenidade. Ao aceitarem dar entrevista, revelaram-se exceções numa tropa que adora atacar, desde que protegida no seu bunker pessoal.

A reportagem procurou dezenas desses "comentaristas de internet" e recebeu dezenas de nãos. A maioria preferiu o silêncio. Muitos, questionados sobre postagens mais pesadas, escaparam com um "não era bem isso", "eu estava nervoso", "fui mal interpretado".

Dois personagens chegaram a dar entrevista, mas se arrependeram —um deles se apressou em deletar as postagens comprometedoras. Outro que também recuou passou a madrugada despejando ameaças e insultos na página da repórter no Facebook.

Harry, Bruno, João e Chico encararam o convite.