De perto, todo mundo é normal

Fã de Hitler recruta seguidores para resgatar 'superioridade' dos brasileiros

DA EDITORIA DE TREINAMENTO

No pequeno e pacato município de Monte Santo de Minas (MG), a cinco horas de carro de Belo Horizonte, Harryson Almeida Marson, 29, sonha com um Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Brasileiros (PNSTB), que reproduz os ideais de Adolf Hitler.

"Quero ser um pai para os brasileiros como Hitler foi para os alemães", afirma o técnico de informática paulista, que pretende ser presidente do Brasil em dez anos.

Harry, como prefere ser chamado, mudou-se para Monte Santo, cidade natal da mulher, onde vive com os dois filhos pequenos, depois de se frustrar com a carreira de músico.

Cantor, pianista e ex-integrante de banda de rock, ele ainda toca com os amigos. Entre um e outro trabalho com computadores, usa o Facebook para recrutar integrantes para o seu futuro partido e para exaltar a imagem de Hitler, seu "herói". Divulga imagens, livros e hinos relacionados ao nazista.

Bruno Santos/Folhapress
Harry Marson, admirador do regime nazista, em praça de Monte Santo de Minas (MG)
Harry Marson, admirador do regime nazista, em praça de Monte Santo de Minas (MG). Veja mais fotos aqui

Nem todas as postagens são de admiração. Em muitas delas, desejou a morte de Dilma Rousseff, de sem-terras, de gays e de presidiários.

Harry perdeu as contas de quantas vezes seu perfil, com cerca de 1.700 seguidores, foi bloqueado pela rede social após denúncias de usuários.

"A causa dos bloqueios é porque o dono do Facebook [Mark Zuckerberg] tem origem judaica", diz Harry, que acredita que o holocausto, que ele chama de "holoconto", não foi exatamente como dizem os historiadores. Nega, porém, ser racista e tenta provar mostrando a foto do melhor amigo, negro, postada no Twitter. Só fecha o semblante quando questionado se é neonazista. "Discordo totalmente de derramar sangue inocente. Sou religioso", afirma o integrante da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Harry defende a liberdade de expressão irrestrita. Ele não crê que tenha propagado discurso de ódio ou que tenha feito apologia ao crime. "Se tivesse cometido alguma ilicitude, estaria preso."