Índios contra usina

Para defensores, usina é mais barata e confiável

Foto aérea  do local para onde está projetada a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós Rogério Assis/Greenpeace
Foto aérea do local para onde está projetada a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós

O Ministério de Minas e Energia disse, em nota, que as hidrelétricas são importantes para o crescimento do país "com nossa geografia favorável à geração desse tipo de energia, que ainda é a mais barata disponível".

Segundo a nota, os "empreendimentos hidrelétricos modernos têm como característica o respeito ao ambiente e às populações locais" e o governo "está permanentemente aberto ao diálogo com as comunidades".

PRÓ-HIDRELÉTRICA

Defensores do projeto dizem que o país não pode abrir mão de uma fonte de energia renovável e barata.

Para Adriano Pires, diretor da consultoria Centro Brasileiro de Infraestrutura, o país não pode "se dar ao luxo" de não construir Tapajós e as questões ambientais e indígenas devem ser "equacionadas", mas não podem impedir a realização da obra.

"O Brasil vive nos últimos anos o que chamo de 'ciclotimia', em que ora falta, ora sobra energia. Não podemos viver assim, senão a energia será sempre um problema."

O especialista defende que São Luiz do Tapajós vai fornecer energia limpa, renovável e barata necessária para sustentar a retomada do crescimento econômico.

Esses dados têm de entrar na conta na hora da avaliação do impacto ambiental da construção, afirma Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

"Você tem que fazer uma análise comparativa com outras fontes antes de dizer não", afirma.

Para ele, usinas hidrelétricas são a melhor opção tanto em termos econômicos quanto do ponto de vista de operação, já que não sofrem da intermitência que caracteriza a eólica, por exemplo, que depende de ventos.

Atualmente, um grupo formado por Eletrobras, Eletronorte, GDF Suez, EDF, Neoenergia, Camargo Corrêa, Endesa Brasil, Cemig e Copel elabora estudos sobre o aproveitamento hidroelétrico da bacia do Tapajós, o que indica potencial interesse na obra.

Castro, da UFRJ, inclui ainda empreiteiras entre as interessadas no projeto.

CRÍTICAS

Os contrários à construção da usina dizem que a era de grandes empreendimentos centralizados, nos moldes de Belo Monte, acabou.

"Em razão da crise, o Brasil não tem demanda de energia para essa usina no curto e médio prazos", afirma Célio Bermann, coordenador da pós-graduação em energia da USP e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético.

A oferta deve começar a ser pressionada apenas no longo prazo, o que permite ao país planejar formas alternativas de geração de energia, defende Bermann.