Big Bang Olímpico

Após origem amadora, Jogos Olímpicos crescem e se tornam um evento global

Fogos de artifício iluminam os aneis olímpicos no parque de Madureira Folhapress

DE SÃO PAULO

Os Jogos Olímpicos começaram de maneira modesta, fruto do sonho do francês Pierre de Coubertin, que desejava usar o esporte como ferramenta para educação.

Da fundação do COI (Comitê Olímpico Internacional), em 1894, à segunda metade do século passado, os Jogos sobreviveram praticamente na base da abnegação.

A primeira edição, em Atenas-1896, teve só 14 países.

O amadorismo era uma das condições para a disputa e, como não poderia deixar de ser, o evento também era muito amador em sua organização. A ponto de o americano Fred Lorz vencer a maratona dos Jogos de Saint Louis-1904, nos EUA, percorrendo boa parte do trajeto de carro.

Depois de descoberta a farsa, ele foi desclassificado e o triunfo foi herdado por seu compatriota Thomas Hicks -que, por sinal, se beneficiou ao beber brandy e usar uma substância que melhorou sua performance.

Quatro anos depois, em Londres, também na maratona, o italiano Dorando Pietri cruzou a linha de chegada em primeiro. Mas foi eliminado por receber ajuda dos fiscais.

As histórias, evidentes provas da desorganização de antanho, realçam um período de romantismo olímpico que hoje inexiste. Nos ano 1980, o COI abdicou do amadorismo para tornar seu principal produto gigantesco, lucrativo e quase megalomaníaco.

Permitiu a entrada de profissionais como tenistas, que voltaram ao programa olímpico em Seul-1988 e jogadores da NBA (liga norte-americana de basquete), que eternizaram o "Dream Team" em Barcelona-1992. A queda da restrição impulsionou interesse e audiência no evento.

"Os Jogos Olímpicos se tornaram exageradamente grandes, a ponto de se tornarem incoerentes", afirmou o professor da Uerj Lamartine da Costa, que também atua como pesquisador do COI.

Cada Olimpíada registra milhares de horas de transmissão de televisão, vende milhões de tíquetes -no Rio-2016 serão 7,5 milhões-, e custa bilhões de dólares.

À medida que se tornou mais mágico às lentes das câmeras e aos olhos do público pelo mundo, o megaevento se distanciou das ideias de seu fundador, mas se tornou o maior espetáculo da Terra.