Segurança e o mundo digital

'Hack do século', caso Sony chama atenção para segurança de dados

BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No dia 24 de novembro de 2014, a Sony Pictures, braço cinematográfico do conglomerado japonês, entrou em uma máquina do tempo diretamente para os anos 1980. A comunicação passou a ser feita por fax e telegrama, os pagamentos seriam em cheque e a rotina nos escritórios foi permeada por papel e caneta. Nada de computadores.

Naquele dia, o estúdio anunciou ter sido vítima de uma invasão hacker abrangente e assustadora que resultou no vazamento de milhares de informações sigilosas até o final do ano. Entre especialistas de segurança, o caso ficou conhecido como o "hack do século".

O ataque à Sony jogou luz sobre um dos problemas da digitalização entre as empresas: ao passo que promove a eficiência e a velocidade, o mundo digital também convida um número muito maior de visitantes indesejados a ter acesso a dados sigilosos. A sensação de que essas informações estão sob ameaça assusta o mundo corporativo.

"Cada vez mais, os clientes manifestam a preocupação em relação aos seus dados", diz Viviane Soares, diretora de produtos e pré-vendas mercado corporativo da Telefônica Vivo. Em alguns casos, empresas deixam de se tornar digitais por temer o roubo de informações.

ALVO ESPECÍFICO

"O ataque realizado contra empresas é mais bem elaborado do que quando comparado aos ataques realizados contra o internauta comum. Geralmente, há um trabalho de inteligência feito anteriormente", diz Fábio Assolini, pesquisador da Kaspersky Lab.

Ele serve para levantar dados na internet, incluindo redes sociais, sobre funcionários que podem servir como porta de entrada na rede da empresa. Uma vez que isso é feito, eles viram alvos específicos de e-mails que parecem de fontes legítimas, mas que carregam pragas que infectam a máquina.

O FBI acredita que foi assim que a Sony Pictures foi invadida –ataques diretos contra a infraestrutura digital de uma empresa são mais difíceis de serem efetivos, explica o pesquisador.

CASO SONY