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A GERAÇÃO CONECTADA

Rejeição a gays, aborto e maconha cai; 51% acham errado ver pornô

Fabio Braga/Folhapress
Thais Costa e o marido, Miguel Gomes

PAULA LEITE
MATEUS LUIZ DE SOUZA
DE SÃO PAULO

O mesmo jovem que valoriza o trabalho e a família também tem atitudes conservadoras quando se trata de costumes e questões morais, ainda que a rejeição a alguns comportamentos tenha caído desde 2007, quando o tema foi alvo de pesquisa anterior do Datafolha.

Ter comportamento homossexual era, há oito anos, moralmente inaceitável para quase metade dos brasileiros de 16 a 24 anos. Hoje, 30% ainda veem o comportamento dessa forma, enquanto 36% o acham aceitável.

A rejeição aos gays é menor entre os jovens do que entre os brasileiros de mais de 25 anos, grupo em que quase metade (45%) diz que não aceita o comportamento.

A rejeição ao aborto também caiu, ainda que continue em níveis altos: 79% o acham inaceitável, um pouco abaixo dos 85% de 2007.

Por fim, 67% afirmam que é moralmente errado fumar maconha - também abaixo dos 73% de oito anos atrás.

Surpreendentemente, a geração está dividida em relação à pornografia, tão fácil de acessar na internet.

Metade (51%) dos brasileiros de 16 a 24 anos acha moralmente inaceitável ver vídeos pornográficos, enquanto a outra metade se divide entre os que acham aceitável, os que acham que não é uma questão moral e os que acham que depende da situação.

Baixar músicas ou vídeos na internet não é problema para esse público --nos dois casos, mais da metade acha moralmente aceitável.

Alguns jovens brasileiros adotam atitudes tradicionais para si mesmos, mas mostram tolerância com as escolhas dos outros.

A estudante Thais Costa, 21, optou por fazer sexo apenas depois do casamento. Ela diz que isso não foi imposição da família nem da religião. "Posso garantir que o 'sacrifício' vale a pena", diz.

A jovem não gosta de ser chamada de careta. "Da mesma forma que não é legal nomear uma mulher de 'vagabunda' ou um homem de 'galinha', também não é legal condenar uma escolha que seja o oposto disso", afirma Thaís.