Líder entre jornais, Folha completa 20 anos na internet
BRUNO ROMANI
DE SÃO PAULO
Em 9 de julho de 1995, chegava à internet a FolhaWeb, o primeiro canal on-line da Folha. Era o embrião do primeiro jornal em tempo real em língua portuguesa e que viria a ser o maior site de jornal do Brasil, com 272,1 milhões de páginas vistas em junho, segundo a Adobe Analytics.
A rede, que havia começado a funcionar de modo comercial dois meses antes, era um meio desconhecido no país -tanto que a reportagem na versão impressa que anunciava o lançamento era acompanhada do texto "entenda o que é a internet".
A primeira cobertura do site, hospedado na nada amigável URL www.embratel.net.br/infoserv/agfolha, foi a 47ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em São Luís (MA).
A explicação é simples: a maioria dos pioneiros internautas, estimados na época entre 45 mil e 50 mil, era do meio acadêmico, como professores que acessavam a rede nas universidades. Esse número se multiplicou por 2.400, chegando aos 120 milhões de internautas, no país hoje.
No ano seguinte, o Grupo Folha lançou o portal UOL, que também passaria a oferecer acesso à internet.
O canal de notícias passou a se chamar Folha Online em 1999 e operava de modo independente da versão impressa. "O desafio foi levar para a internet a mesma qualidade do jornal", lembra Ricardo Feltrin, secretário de redação da Folha Online até 2010.
Havia também dificuldades em relação à infraestrutura. Embora a audiência fosse menor em comparação à dos dias atuais, a capacidade dos equipamentos era, igualmente, bem menor.
"O dia mais difícil foi o dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Tivemos que fazer uma operação de guerra durante dias para manter o site de pé", diz Fernando Nemec, diretor de TI da Folha.
BANDA LARGA
A conexão banda larga só decolou no Brasil a partir de 2005. Antes, com conexões discadas de 56 Kbps, o site ficava ainda mais propenso a congestionamentos. Para ter uma ideia, um filme de 8 Gbytes demoraria 14 dias para ser baixado com aquela conexão; com velocidade atual de 10 Mbps, o mesmo download levaria menos de duas horas.
Na segunda metade da década de 2000, avanços tecnológicos transformariam o jornal. Isso se refletiu no site, que passou a ter mais conteúdo multimídia, com fotos, áudios e vídeos.
Em 2010 foi lançada a TV Folha e as Redações da Folha Online e da Folha impressa foram integradas.
"A unificação se insere num projeto maior, de transformar a Redação num centro produtor de conteúdo 24 horas por dia, não importando a plataforma em que ele vai ser divulgado ou consumido", afirma Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha.
Surgiram também em 2010 os primeiros aplicativos para iPad e para Android -mais da metade da audiência do site vem de dispositivos móveis.
Dois anos depois, o jornal foi o primeiro do país a adotar cobrança por acesso frequente, o chamado paywall poroso, em um caminho seguido depois por outros veículos. Hoje, a Folha detém mais de um quinto do mercado de assinaturas digitais de jornais brasileiros, segundo o IVC (Instituto Verificador de Comunicação), e é líder de seguidores no Facebook.
Em 2012, no computador, no smartphone ou no tablet, a Folha.com virou Folha, seguindo o jornal impresso.
"Se amanhã ou depois as pessoas preferirem receber suas informações na parede, na roupa ou na porta da geladeira, o conteúdo da Folha estará lá também, formatado de maneira a melhor atender aquele usuário", afirma Dávila. "Seguindo sempre os princípios editoriais do jornal -jornalismo crítico, independente e apartidário, com amplo espaço para o contraditório- e os preceitos do jornalismo profissional."