Depoimento: 'Repórter passava conteúdo para o site pelo telefone; hoje, envia por WhatsApp'
LIVIA MARRA
DE SÃO PAULO
Entrei na Folha em meados de 2000. Naquela época, a internet não tinha o alcance de hoje, com smartphones e conversas instantâneas facilmente acessíveis.
Meu trabalho, inicialmente, era editar textos publicados no site e enviar por SMS (serviço pelo celular). Mas, sempre que surgia uma oportunidade, pegava retornos de repórter (que eram ditados por telefone) e produzia textos, até ser transferida para "Cotidiano", em 2001.
Isso aconteceu na época de Folha Online, que ficava separada da redação de impresso --a integração ocorreu em 2010; antes, a Folha Online ficava dois andares acima da Redação.
Os monitores (no jornal e na nossa casa) eram aqueles grandões, que lembram uma caixa ou uma televisão de tubo. A velocidade da informação era outra. A notícia não tinha o impacto imediato das redes sociais, que explodiriam no Brasil algum tempo depois --com ele, o Orkut.
Naquele começo, sair para a pauta com notebook não era tão fácil.
Por um tempo, a redação da Folha Online teve um só celular para pautas. Dois repórteres na rua no mesmo horário tinham que disputar o equipamento ou usar o seu próprio.
Com repórter na rua, o conteúdo a ser publicado no site era, muitas vezes, ditado pelo telefone. Na época da eleição, por exemplo, o repórter falava 'pato tatu bola' para ninguém errar PTB.
Hoje o próprio repórter pode escrever seu texto pelo celular e mandar por e-mail para a Redação. Esses retornos (texto, imagem) vêm até pelo WhatsApp, um pulo gigante de agilidade.
Se atualmente uma foto publicada por um deputado ou uma celebridade ajuda a compor uma notícia, imagine no tempo sem Twitter e sem Facebook.
Ainda com essa aparente "dificuldade", a chefia da então Folha Online (Ana Busch e Ricardo Feltrin, e antes, Vaguinaldo Marinheiro) sempre foi muito preocupada com a informação exclusiva, de qualidade, em tempo real, e com a correção imediata por meio do Erramos.
Com o tempo, os novos recursos da internet foram naturalmente incorporados ao dia a dia dos jornalistas e ao seu modo de trabalhar. E, certamente, essa transformação digital ainda reserva novidades ao jornalista e ao leitor.
LIVIA MARRA foi repórter e editora de "Cotidiano" da Folha Online. Atualmente é redatora especial do jornal