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The Who impressiona no palco, mas é apenas nostalgia roqueira

Roger Daltrey e Pete Townshend, do The Who Chris Pizzello/Invision/AP

THALES DE MENEZES
ENVIADO ESPECIAL A INDIO (EUA)

Para quem tem 50 ou 60 anos, um pouco mais ou um pouco menos, assistir a um show do The Who é como ver sua adolescência passar na frente dos olhos. Foi assim neste domingo (9) para o público maduro do Desert Trip, festival que reúne seis lendas do rock em dois finais de semana na cidade de Indio, na Califórnia (EUA).

Roger Daltrey, 72, cada vez mais atarracado, ainda canta muito. Pete Townshend, 71, o segundo maior criador de frases grudentas de guitarra na história do rock, depois de Keith Richards, é um monstro em seu instrumento.

A lista de canções que eles apresentam é praticamente um "greatest hits" da banda. Tem várias de "Tommy" e algumas de "Quadrophenia". Além das óperas-rock, traz também músicas de alguns álbuns essenciais para o rock, como "Who's Next" e "Who Are You", ao lado dos singles bem colocados na parada americana nos anos 1960.

"Tivemos muitos sucessos neste país em 1967, 1968", diz Townshend à plateia. "Éramos como a Rihanna da época, éramos o Justin Bieber". A simpatia do guitarrista vem carregada de modéstia. "Nós amamos vocês. Na verdade, amamos qualquer um que ainda venha nos ver tocando."

O repertório? "My Generation", "I Can See for Miles", "You Bettet You Bet", entre outras, e uma versão linda de "Behind Blue Eyes", que deixa qualquer um com vontade de mandar prender o grupo Limp Bizkit, que fez uma regravação criminosa há alguns anos,

O que dizer então da trinca que encerra o show? Simplesmente "Pinball Wizard", "See Me, Feel Me" e "Won't Get Fooled Again". Se isso não é uma história do rock em três lições curtas, o que precisa mais?

Mas é necessário falar da coisa chata. Ver The Who é bacana, incrível, inesquecível, mas a banda não produz nada relevante há 34 anos. Depois da morte do baterista Keith Moon, em 1978, o grupo ainda lançou dois discos com um substituto, até 1982. Depois, gravou apenas o fraco "Endless Wire", que não teve nenhuma música incluída no Desert Trip.

Como um trio, ainda se reuniu várias vezes para excursões. Com a morte do baixista John Entwistle, em 2002, Daltrey e Townshend seguem com essas turnês, anunciadas como uma possível última, mas eles sempre mudam de ideia e continuam na estrada.

Assistir ao Who é mesmo impressionante, mas é apenas nostalgia.