Shows

Paul McCartney muda seu show com ajuda de Neil Young

THALES DE MENEZES ENVIADO ESPECIAL A INDIO (EUA)

O show de Paul McCartney que encerrou a segunda noite do Desert Trip Festival, no sábado (8), em Indio, na Califórnia (EUA), foi bem parecido com aqueles levados ao Brasil em quatro turnês desde 2010, exceto por um detalhe de balançar os fãs cinquentões e sessentões na plateia: duetos com Neil Young.

Com a moral alta depois de ter feito um show consagrador na abertura da noite, Young se juntou a Paul e eles emendaram duas canções emblemáticas da carreira de John Lennon (1940-1980): "A Day in the Life", gravada pelos Beatles, e "Give Peace a Chance", que Lennon lançou com sua Plastic Ono Band.

A plateia cantou bem alto o refrão do hino roqueiro que pede uma chance para paz. Young estava para sair do palco, mas o amigo o puxou para mais uma canção, a quase blues "Why Don't We Do It in the Road?". Faixa de "The Beatles", o chamado "Álbum Branco", que a banda lançou em 1968.

Paul nunca tinha tocado essa música em seus shows, e seu parceiro improvisado ali na hora também mostrou pouca familiaridade com ela. Mas é uma música curta e simples, e o público ajudou cantando junto. Foi um raro momento de descontração total em um show do ex-Beatle, que normalmente costura um repertório bem protocolar ao misturar carreira solo e canções do quarteto famoso.

Para os brasileiros que assistiram ao show na Califórnia, e não são poucos os que compraram ingresso para o Desert Trip, foi a chance de ver um Paul um tanto diferente daquele odas apresentações recentes no Brasil, onde fez 16 shows desde 2010.

Sem a obrigação de decorar pequenos textos em português, ele se mostrou muito mais comunicativo na noite deste sábado.

Foram várias histórias. Ele contou como foi seu primeiro encontro com Jimi Hendrix (1942-1970), falou da maneira como o produtor George Martin (1926-2016) mudou seu jeito de cantar e se lembrou da primeira música que gravou em um estúdio alugado ainda antes da formação dos Beatles, quando ele, Lennon e George Harrison estavam no Quarrymen: "In Spite of All the Danger", outra surpresa no repertório da noite.

De resto, foi o show encantador que ele viaja pelo mundo, oferecendo os maiores sucessos a seus fãs.

E, como sempre, manteve uma peculiar estranheza na parte final.Depois de emendar três músicas sagradas na conclusão da primeira parte do show, "Let It Be", "Live and Let Die" e "Hey Jude", ele voltou para um bis que não tem a mesma força.

Foram três números, "I Wanna Be Your Man", "Helter Skelter" e o medley que reúne "Golden Slumbers", "Carry that Weight" e "The End". Mas, quando você é Paul McCartney, pode fazer o que bem quiser e deixar que o mundo se adapte às suas estranhezas.