Clubes inativos

Criada para ajudar pequenos, Copa Paulista é desprezada

Jogo do Juventus contra o São Bernardo pela Copa Paulista, na rua Javari Ale Vianna -16.ago.2015/Divulgação C.A. Juventus
Lance do jogo do Juventus pela Copa Paulista

LUIZ COSENZO
RAFAEL VALENTE
DE SÃO PAULO

Criada para manter os clubes pequenos de São Paulo em atividade por mais tempo na temporada, a Copa Paulista deixou de ser atraente para muitas equipes do interior do Estado. A edição deste ano é a que conta com o menor número de participantes desde 2003.

São 19 equipes na briga pela taça, que garante ao campeão uma vaga na Copa do Brasil de 2016. O torneio, porém, já teve 35 e vem sofrendo queda desde 2011. Há quatro anos, a competição reuniu 34 clubes —o segundo maior número.

Com menos clubes presentes na disputa, o número de jogadores desempregados no futebol paulista aumentou consideravelmente. Dos 60 times que jogaram as três primeiras divisões do Estado no primeiro semestre, apenas 33 continuaram com o seu departamento profissional ativo na segunda metade do ano. Destes, 14 disputam uma das quatro divisões do Campeonato Brasileiro.

Nono colocado no Campeonato Paulista deste ano, o XV de Piracicaba foi um dos clubes inscritos na Copa Paulista —somou três pontos em seis jogos e foi eliminado na primeira fase.

"A Copa Paulista é deficitária. Gera mais gasto do que receita. O custo é maior do que a renda da bilheteria. Disputamos em respeito aos nossos patrocinadores", disse Rodrigo Boaventura, 46, o presidente da equipe de Piracicaba.

"A questão do desemprego é realidade. Os jogadores ligam para a gente e se oferecem para jogar por R$ 2 mil sendo que já pediram R$ 20 mil para jogar aqui. Eles preferem jogar por pouco para ficarem em atividade visando o próximo ano do que ficar desempregado", acrescentou.

Campeão da Copa Paulista em 2014, o Santo André abriu mão de jogar a competição nesta temporada.

"Decidimos ficar fora porque nosso estádio está passando por reformas e porque a competição é deficitária", explicou o diretor de futebol do clube do ABC, Juraci Catarino. No ano passado, o estádio Bruno José Daniel também passava por reformas e o Santo André mandou seus jogos em cidades vizinhas.

Na opinião dos dirigentes, a Copa Paulista deveria dar uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro. Atualmente, as duas vagas que a FPF (Federação Paulista de Futebol) disponibiliza aos seus filiados saem do Paulista da Série A1 –os dois melhores clubes classificados ao término da competição estadual que não estão nas Séries A, B e C do Brasileiro se classificam para a quarta divisão Nacional.

"Necessitamos de um calendário o ano inteiro. A Série D é a única competição que possibilita você chegar à Série C", disse Boaventura. "A CBF deveria criar a Série E ou aumentar o número de participantes na Série D", completou.

A FPF informou que pediu e negocia com a CBF para que o campeão da Copa Paulista garanta vaga na Série D do Brasileiro.

"A nova gestão da FPF também analisa outras medidas para incrementar a Copa Paulista a partir de 2016, tornando a competição mais atrativa".

Ale Vianna - 16.ago.2015/Divulgação C.A. Juventus
Jogo entre Juventus e São Bernardo pela Copa Paulista deste ano
Jogo entre Juventus e São Bernardo pela Copa Paulista deste ano; competição foi criada para manter clubes pequenos