Agora empregado

Hoje no Corinthians, Walter já ficou sem emprego e trabalhou em bar

Goleiro Walter, do Corinthians Agência Corinthians
Walter gesticula durante jogo do Corinthians pelo Campeonato Brasileiro

LUIZ COSENZO
RAFAEL VALENTE
DE SÃO PAULO

Walter, 27 anos, natural de Jaú, em São Paulo, não é um desconhecido no futebol. Goleiro do Corinthians, chegou a ser titular em 2014, quando Cássio esteve lesionado.

Foi bem e chegou até a gerar dúvidas na torcida e na comissão técnica sobre quem seria o dono da camisa 1.

Em 2011, porém, a realidade era outra. Walter viveu a rotina de quase um terço dos jogadores que disputaram o Campeonato Paulista em 2015.

"Infelizmente, isso faz parte do futebol. Eu tenho vários amigos que estão em pequenas equipes e que, ao final dos campeonatos, não sabem o que vai acontecer. Os clubes mandam embora, mal acertam o salário que ficou para trás, décimo terceiro, férias, não acertam nada. Você tem que sair, faz um acertinho lá, recebe às vezes menos da metade do que tinha que receber por direito. E você tem que fazer isso porque pega pelo menos um pouco de dinheiro na mão que é melhor do que não receber nada", diz o corintiano.

Enquanto esteve sem clube, Walter trabalhou no bar administrado pela família.

"Ajudei por um tempo, substituindo meu avô, que não estava mais conseguindo ajudar. Eu ficava no período da tarde, até às 17h. Depois ia treinar com o preparador de goleiros João Luiz, que virou meu treinador no XV de Jaú no ano seguinte. Para poder mostrar minhas virtudes, eu não podia ficar parado, tinha que ficar treinando", disse Walter.

Do bar em Jaú, conseguiu acertar com o Caxias. Depois foi para o Novo Hamburgo até voltar para Jaú, mas dessa vez para jogar no time da cidade. Aí sentiu que a carreira estava passando pelo momento da virada. E arriscou. Trocou a primeira divisão do Gaúcho pela terceira do Paulista.

"As coisas começaram a fluir. Mesmo com o time rebaixado, eu me projetei e fui para o Noroeste, time da Série A2 e onde fui campeão da Copa Paulista. Na sequência, fui para a União Barbarense, na primeira divisão. Eu sabia que as dificuldades salariais seriam grandes, meus tios de Piracicaba me ajudaram muito. Morava na casa deles e ia todos os dias para Santa Bárbara D'Oeste para treinar. Graças a Deus meus tios têm uma condição boa e puderam me ajudar. Isso me deixou muito mais tranquilo, mesmo ficando dois, três, quatro meses sem receber. Depois teve o interesse do Corinthians e a felicidade veio a mil".

Hoje, em um clube de ponta, Walter defende a reforma no calendário para amenizar as dificuldades dos times menores. O XV de Jaú, clube para qual ele torce está licenciado do futebol por dificuldades financeiras.

"O Estadual tem de ser um campeonato longo, não só de três meses. Tem de ser no mínimo de seis meses, com várias equipes, ida e volta, ter uma ajuda da federação para que esses clubes não comecem a ter problemas financeiros", afirma.

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians
O goleiro Walter durante jogo pelo Corinthians
Walter em treino do Corinthians; enquanto esteve sem clube, goleiro trabalhou em bar administrado pela família