Casal deve ter diálogo objetivo sobre renda
DANIELLE BRANT
DE SÃO PAULO
Você não sabe mais que mágica fazer para fechar as contas do mês, mas recebe pitacos de pais, sogros e até o vizinho acha que pode ajudar. Antes que a situação piore, saiba que pode ter chegado aquele momento considerado tabu por muitos casais: sentar e conversar sobre dinheiro, mas de uma forma que nenhum dos dois sinta que vai ser controlado.
Há formas de tornar o diálogo objetivo. A primeira dica é colocar sobre a mesa quanto cada um recebe. Considere o ganho líquido, após descontos como INSS e FGTS, no caso de assalariados.
Para trabalhadores autônomos ou empresários, calcule quanto foi recebido nos últimos três meses e tire uma média da renda, para que meses fortes compensem aqueles mais fracos.
A partir daí, o casal deve passar para os gastos. E é aí que costuma haver conflitos, pois é comum os parceiros não abrirem totalmente as despesas, com receio de serem recriminados. "Entre marido e mulher não pode ter segredo. Diversos casais não têm abertura financeira completa, mas isso é um erro", diz William Eid, professor da FGV.
"Às vezes, a gente vê homens que não contam para mulher ou filho que estão em situação difícil, que trocaram de emprego e estão ganhando menos ou que foram demitidos. Coloca a confiança em jogo", diz a planejadora financeira Annalisa Dal Zotto, da Par Mais, empresa de gestão de finanças pessoais.
Na hora de organizar os gastos da casa, a alternativa mais recomendada pelos planejadores financeiros é fazer a divisão proporcional do salário. Se o marido ganha R$ 4.000 e a mulher recebe R$ 3.000, ambos poderiam acertar um percentual de contribuição para o orçamento doméstico. Se for 80% do valor, por exemplo, cada um usaria os 20% restantes como desejar, sem precisar detalhar os gastos ao parceiro.
"Se a mulher gosta de comprar roupa, paga à vista e não parcela, por que não? Se está dentro do orçamento dela, nada impede que ela gaste. O mesmo para o marido, se quiser sair com os amigos", diz.
Há casais que optam por dividir as despesas ao meio, mas especialistas avaliam que a separação proporcional é mais justa. "Pode haver situações em que quem ganha mais vai querer impor a vontade. Quero sofá novo, eu ganho mais, então vou pagar do meu bolso. Isso vai desgastando o casal", exemplifica o planejador Adilson Marcio Garcia.
Escolhida a forma de divisão, o dinheiro deveria ser depositado em uma terceira conta, sugere. Além do dinheiro das despesas, essa "conta da casa" também deve receber recursos para objetivos em comum do casal –viagens, filhos, casa própria–, a reserva de aposentadoria e a de emergência, que deve cobrir seis vezes o custo mensal da família.
É preciso contemplar também os investimentos para alcançar esses objetivos. Isso não significa que cada um deve abrir mão de suas aplicações –até porque o perfil de investimento pode ser diferente. Vale manter os dois.