Apresentação

Rodeio com overdose sertaneja

MARCELO TOLEDO
DE RIBEIRÃO PRETO

Para celebrar os 60 anos do evento que marca o surgimento "oficial" das festas do gênero no país, a associação que organiza a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (a 423 km de São Paulo) vai investir ainda mais no ritmo sertanejo na edição que começa esta quinta-feira (20).

Embora seja sertaneja de nascimento –em alusão aos peões que tocavam gado nas estradas–, a festa passou por transformações ao longo das décadas e chegou a receber muito axé, rock e até uma escola de samba carioca no estádio de rodeios do Parque do Peão, que foi projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012) e abriga o evento desde a década de 1980.

Estão previstas cerca de cem atrações este ano, distribuídas em cinco palcos. Além do estádio, há um espaço de eventos climatizado para 5.000 pessoas, um trio elétrico, um palco externo e uma área destinada somente à música de raiz. Das 50 principais atrações, só três não são sertanejas, como a Banda Eva e o MC Guimê.

Dados do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) corroboram a escolha e mostram que cinco das dez músicas mais executadas em rádios do país no primeiro trimestre deste ano são sertanejas.

Com o mesmo investimento da edição do ano passado, apesar da crise econômica, a festa aposta ainda na renovação do público sertanejo com novos artistas para reunir 900 mil pessoas nos próximos 11 dias.

O clima é de otimismo devido à venda antecipada de ingressos, ao show internacional de Garth Brooks, no sábado (22), e ao desempenho das festas sertanejas que antecederam o grande evento.

O investimento de Os Independentes, associação que organiza a festa desde 1956, deve chegar a R$ 15 milhões, para uma receita prevista de R$ 22 milhões a R$ 25 milhões.

"A crise existe, mas passou lá fora [do recinto]. Apostamos nisso porque os outros eventos [sertanejos] que antecederam Barretos neste ano foram bem. A venda de ingressos mostrou que os visitantes estão comprando os bilhetes mais caros", disse Jerônimo Muzetti, presidente da associação.

Há bilhetes para shows, com camarote, que chegam a custar R$ 1.690 para o sábado, quando o norte-americano Brooks, ícone country, voltará a Barretos após ter feito, em 1998, um dos principais shows da história da sexagenária festa.

Ingressos para a pista premium, vendidos inicialmente a R$ 300, já custam R$ 500 para o show e estão quase esgotados –são cerca de 3.000. Mas há, também, ingressos que valem R$ 10 nos dias menos concorridos (24 a 26).

DISPUTA

Se a tática e o investimento da organização tiverem resultado, Barretos mostrará, também, um fortalecimento na batalha travada com entidades de proteção animal, que a acusam –como o evento mais importante do setor– de maus-tratos aos animais que participam das montarias.

ONGs já conseguiram barrar rodeio em cidades como Hortolândia e suspender uma noite do evento em Franca, baseadas num decreto de 1995 do ex-governador paulista Mário Covas (1930-2001), que veta eventos do gênero no perímetro urbano das cidades.

A festa de Barretos nega maus-tratos, diz ser um exemplo para o setor e afirma que conta com quatro veterinários para cuidar dos animais.

As principais atrações do dia de abertura serão as duplas Rionegro & Solimões e João Neto & Frederico. De quinta-feira a domingo, será disputada a final do campeonato da PBR (Professional Bull Riders). Além dele, haverá outros dois rodeios: a final da Liga Nacional (de 24 a 26 e dia 29) e a 23ª edição do Barretos International Rodeo, entre os dias 27 e 30.