Teorias conspiratórias rondam morte de Bin Laden
DIOGO BERCITO
EM MADRI
A morte do líder terrorista Osama Bin Laden parece fadada a entrar nos anais da história no mesmo capítulo que inclui a a narrativa da morte de Marilyn Monroe e a chegada do homem à Lua.
Desde o anúncio da operação americana que matou Bin Laden no Paquistão, em 2011, vieram à tona diversas histórias contradizendo a versão oficial. Em algumas delas, Bin Laden nem morreu. Em outras, já estava morto. Ou foi vítima de uma conspiração entre governos.
O assunto ainda parece atual, a julgar pela reportagem publicada na revista do "The New York Times" em outubro de 2015 com o curioso título "O que realmente sabemos sobre a morte de Bin Laden?"
O jornalista Jonathan Mahler examina, em seu texto, os detalhes da morte do líder terrorista. Baseando-se na investigação do repórter Seymour Hersh publicada em maio deste ano, Mahler conclui: os EUA mentiram sobre a operação militar, apresentando uma narrativa "entre o fato e a mitologia".
Eric Thayer - 2 mai.2011/Reuters | ||
Americanos comemoram anúncio da morte de Osama bin Laden na Times Square, Nova York, em maio de 2011 |
A reportagem de Hersh, citada pelo "The New York Times", afirma que o Paquistão entregou Bin Laden aos EUA para que fosse executado. Toda a pirotecnia de uma ação militar com uma unidade de elite, narrada pela imprensa e pelo cinema desde então, é apenas uma cortina de fumaça, diz o jornalista.
Mas, conspirações à parte, a maior parte dos especialistas nessa história concordam que a caça a Bin Laden e sua morte não estão envoltos em mistérios. Na verdade, sabemos bastantes coisas sobre esse episódio, incluindo uma linha do tempo detalhada.
A versão corrente diz que Bin Laden foi morto em 1º de maio de 2011 em Abbottabad, ao norte da capital do Paquistão, Islamabad. Ele foi alvejado na cabeça, durante uma operação militar que envolveu helicópteros partindo do Afeganistão. Seu corpo foi, por fim, jogado no mar.
Há de fato detalhes controversos, como quem foi o autor do disparo que matou o líder terrorista. Mas as questões levantadas pela revista do "The New York Times" foram recebidas com descrédito por boa parte da mídia americana e estrangeira.
Asif Hassan - 2 mai. 2011/AFP | ||
Paquistanês leva nos braços jornal com notícia da morte de Osama bin Laden, em Karachi |
Peter Bergen, analista de segurança nacional para a rede CNN, escreveu, por exemplo, que a reportagem de Mahler "parece ter abraçado o pós-modernismo", ao apresentar narrativas díspares -uma delas sem base factual- como se tivessem o mesmo peso historiográfico.
Conclusão semelhante foi descrita por Greg Miller, do "Washington Post". "A versão de Hersh [na qual o "The New York Times" se baseou] não é apenas uma entre diversas e igualmente importantes versões aguardando para ser analisadas pela história", escreveu Miller.
"É um ponto fora da curva, radical e sem embasamento, fundamentalmente contrário a todas as outras reconstruções com credibilidade da caça a Bin Laden."