Polarização

Com vitória de Hillary ou de Trump, eleição já tem seu lugar na história

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE NOVA YORK
MARCELO NINIO
DE WASHINGTON

A eleição de 2016 já garantiu seu lugar na história. Da batalha entre a democrata Hillary Clinton, 69, e o republicano Donald Trump, 70, que chega ao seu dia D nesta terça (8), sairá a primeira mulher na Casa Branca, após 44 homens no cargo, ou um inédito presidente sem experiência política.

Seja quem for o eleito, tomará posse sob a pecha de candidato mais malquisto da história recente dos EUA.

Trump é rejeitado por 59% do eleitorado e Hillary, por 52%. Só um pré-candidato os supera: 7 em 10 americanos refutavam David Duke, ex-líder da Ku Klux Klan.

Parte desta rejeição se deve ao fato de os candidatos operarem em polos opostos, o que se intensificou com o discurso populista de direita de Donald Trump.

Esse estilo ressoou sobretudo numa América branca, enquanto Hillary falou em especial às minorias, cada vez mais numerosas nos EUA.



O choque entre eles dividiu o eleitorado americano, que assistiu a trocas de insultos, com o republicano chamando a adversária de "mulher nojenta" e Hillary dizendo que metade dos eleitores do oponente caberia "numa cesta de deploráveis". A verve polemista do ex-apresentador de TV fez a disputa multiplicar a audiência de emissoras.

O empresário estreou na campanha com uma teatral descida da escada rolante da Trump Tower e um discurso incendiário, em que ofendeu mexicanos ("estupradores e criminosos") e se gabou de ser "muito rico".

Se Hillary vencer, a Casa Branca ficará sob a guarda democrata por 12 anos seguidos, feito inédito desde Franklin Roosevelt-Harry Truman (1933-1953) —a dobradinha republicana é mais recente, com Ronald Reagan e George Bush (1981-1993).

Ao vencedor, o desafio é unificar o país após o pleito mais polarizado dos últimos tempos —e um dos mais imprevisíveis. Há duas semanas, tudo indicava que Hillary ganharia com folga. Na quinta (3), projeções apontavam que a probabilidade de ela ganhar caíra a 65%. As chances de Trump, antes desacreditado, foram de 12% para 35%.