Introdução

Cultura ocupa 12 das 222 páginas das propostas dos cinco principais 'prefeitáveis' em São Paulo

RODOLFO VIANA
DE SÃO PAULO

Uma breve leitura nas propostas de governo dos cinco candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem colocados na última pesquisa de intenção de votos do Datafolha, divulgada na quinta-feira (22), revela que cultura não ocupa muito espaço na coleção de promessas.

Somadas as propostas enviadas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no começo da campanha pelas equipes de João Doria (PSDB), Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB), Fernando Haddad (PT) e Luiza Erundina (Psol), temos 222 páginas, e apenas 12 dizem respeito à área –5,4% do total.

Com 47 páginas, o programa de governo de João Doria –que tem 25% das intenções de voto– dedica três à cultura. Ali, o candidato apoiado pelo governador Geraldo Alckmin afirma que quer criar Conselhos de Cultura nas prefeituras regionais, instituir o Prêmio São Paulo Amiga da Leitura para fomentar a literatura e criar o Centro da Memória da Dramaturgia Brasileira. Também promete descentralizar a Virada Cultural.

Celso Russomanno (PRB) –com 22% das intenções de voto– dedica à área 3 das 72 páginas do documento de propostas de governo enviado ao TSE. Nelas, o candidato reforça ideias como descentralização da produção cultural na cidade. A proposta é transformar "unidades escolares da rede municipal de educação em centros comunitários para promoção e difusão cultural, com atividades de teatro, música, pintura, dança, artesanato e demais manifestações culturais". O candidato também propõe o fortalecimento da economia criativa em São Paulo. Entretanto, não deixa claro como pretende alavancar a cadeia produtiva em cultura.

Já nas propostas de Marta Suplicy (PMDB), candidata com 20% das intenções de voto, que já foi prefeita de São Paulo (2001-2004) e ministra da Cultura (2012-2014), promessas na área ocupam 2 das 30 páginas do documento enviado ao TSE. Ali, ela promete aprovar o Plano Municipal de Cultura, implementar o Fundo Municipal de Cultura, ampliar e descentralizar a Virada Cultural, criar a primeira Biblioteca Pública Digital de São Paulo e outras 25 ações. Não esclarece como pretende realizar tais promessas.

No programa de governo do atual prefeito, Fernando Haddad (PT) –que tem 10% das intenções de voto–, a cultura tem duas das 37 páginas. Ali o candidato à reeleição diz que pretende aumentar o orçamento da pasta –que, em 2016, foi de R$ 501 milhões–, além de criar um fundo para doações de pessoas físicas, instalar equipamentos culturais nos 96 distritos do município (sem especificar quais) e e o Núcleo de Cultura nas 32 subprefeituras.

Luiza Erundina (Psol), prefeita entre 1989-1992 e quinta colocada na disputa –com 5% da intenções de voto–, planeja reestruturar a Secretaria Municipal de Cultura, ampliando projetos como Spcine e fomento à periferia. Também pretende instituir o Fundo Municipal de Cultura, criar emissora de TV e rádio municipal, além de outras sete ações. Cultura ocupa duas das 36 páginas de propostas incluídas no documento enviado ao TSE.

Para ampliar as ideias sobre o que pretendem os "prefeitáveis" na área, a "Ilustrada" procurou os cinco candidatos para saber, em cinco perguntas iguais a todos, como avaliam a cultura no município, quais são seus projetos e como pretendem trabalhar com um orçamento que, em 2016, é de R$ 501 milhões –ou seja, inferior a 1% do valor total.