PAULO VINÍCIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

"Bernard será o substituto de Neymar."

A frase dita em primeira mão pelo repórter da ESPN, André Plihal, explodiu e confirmou-se minutos depois. Na hora, muita gente gostou. Um ano depois do maior fiasco da história da seleção brasileira, a maior derrota da história das Copas, Bernard é um dos símbolos da derrota.

"Tinha de esperar, sem encarar a Alemanha de frente", é a opinião geral, de Galvão Bueno a Paulo Roberto Falcão.

Rever Brasil 1x7 Alemanha é surpreendente, por perceber as diferentes fases do massacre. O Brasil começa no ataque e isso não significa correr riscos nos primeiros nove minutos. Há troca de passes e os alemães esperam no campo de defesa.

Até Marcelo errar um passe horrível na intermediária do campo de ataque e correr para salvar o cruzamento de Phillip Lahm. Concede o escanteio. Na grande área, enquanto Toni Kroos se prepara para a cobrança, David Luiz passeia e conversa com todos os jogadores.

Era sua a obrigação de marcar Thomas Müller, que espera a bola cair em seu pé direito para fazer 1x0. David Luiz bate as duas mãos nas coxas, como se culpasse os colegas. À sua frente, Dante faz o mesmo movimento, parecendo culpar David Luiz.

Esse lance e a falha de Fernandinho no segundo gol, de Miroslav Klose, enterram o Brasil emocionalmente. O Brasil jogou mal toda a Copa. Estava em frangalhos emocionalmente e isso se ampliou a partir do segundo gol. Em sete minutos, quatro gols sofridos.

David Luiz e Fernandinho falharam e três gols cada. O último de Schürlle foi um chute cruzado que Júlio César poderia defender.

Não é possível atribuir ao aspecto emocional toda a culpa da derrota. Nem só ao aspecto tático. Nem apenas ao abismo entre o futebol jogado pelos maiores clubes da Europa e a seleção brasileira hoje em dia. Uma soma de fatores levou ao 7 x 1 e à maior crise da história do futebol brasileiro. "Não vai cicatrizar. Não vamos esquecer nunca", diz Dunga, atual técnico da seleção.

A soma de fatores dá um dicionário, que você pode ver a seguir.