Felipão vai de pai do penta a gestor do fracasso
BERNARDO ITRI
DO PAINEL FC
MARCEL RIZZO
DE SÃO PAULO
Em uma tentativa de repetir a "família Scolari", termo que virou a marca da cumplicidade entre o treinador e os jogadores na campanha vitoriosa da Copa de 2002, mas Felipão viu sua aposta fracassar em 2014.Essa decisão levou para a Copa do Mundo em casa um time inexperiente, com alguns jogadores em má fase e, consequentemente, fez a culpa sobre a maior derrota da história da seleção brasileira recair sobre o treinador.
Fiel aos atletas que conquistaram a Copa das Confederações, em 2013, Felipão levou para o Mundial boa parte dos protagonistas do título do torneio no ano anterior. O time titular que iniciou o Mundial em 2014, apesar da má fase de jogadores como Paulinho e Júlio Cesar, era exatamente o mesmo do torneio do ano anterior.
As fragilidades do time foram sendo reveladas a cada dia. Paulinho, que era reserva do Tottenham-ING, começou como titular e demorou a ser substituído durante o torneio. Daniel Alves também trilhou o mesmo caminho.
Só que a família não esteve tão fechada como em 2002, ano do pentacampeonato. Ainda no segundo jogo da Copa, contra o México, Felipão e Hulk tiveram uma rusga. A comissão técnica o tirou do jogo sob o argumento de que ele estava com dores. Hulk, porém, disse que estava apto a ir a campo.A lista de convocados incluía na bagagem ainda a inexperiência dos jogadores.
Apenas seis dos 23 convocados tinham disputado um Mundial anteriormente. O episódio que mais evidenciou a falta de maturidade dos atletas foi no primeiro jogo do mata-mata do Mundial, contra o Chile, pelas oitavas de final. A decisão da partida foi para os pênaltis e até jogadores mais tarimbados da seleção brasileira, como Thiago Silva, caíram no choro antes e após a conquista da vaga para a fase seguinte.Outros fatores além da convocação, no entanto, também contribuíram para o fracasso brasileiro na Copa.
A inesperada e grave lesão de Neymar, sofrida no jogo com a Colômbia, abalou o elenco e tirou a grande estrela do time do torneio. Cortado, o camisa 10 deixou a concentração e nem sequer foi para o Mineirão acompanhar o confronto mais difícil, ante a Alemanha, na semifinal.
O ambiente na concentração também é citado por quem conviveu com a seleção como um ponto que atrapalhou a trajetória brasileira.Exaltada pela diretoria da CBF como um centro de treinamento moderno, a Granja Comary, em Teresópolis, foi palco de situações inusitadas para um local de preparação para a Copa do Mundo.Patrocinadores e parentes de jogadores entravam constantemente na Granja para acompanhar os treinos. Programas de televisão chegaram a ser gravados no gramado do centro de treinamento, com a participação de atletas, e a interrupção de um trabalho de aquecimento do time.