Jogadores brasileiros ouvem piadas pelo 7 a 1 no exterior

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO
O zagueiro paulista Marcelo, Hannover 96, assistia ao 7 a 1 ao lado de amigos brasileiros quando teve a ideia. Mal acabou a partida, ele vestiu uma camisa da Alemanha, presente de um companheiro de clube, tirou uma a foto e a enviou para o grupo de Whatsapp dos colegas de time.A imagem, acompanhada da mensagem "sou alemão e esta é a minha seleção", era uma tentativa de se antecipar ao bullying que sofreria durante as próximas semanas.
O ex-jogador do Santos vive e mora na Alemanha desde 2013, tem vários colegas germânicos e se transformou no alvo preferido das piadas deles depois da semifinal da última Copa do Mundo.
E ele não foi o único. O lateral esquerdo cearense Wendell, do Bayer Leverkusen, já tem na ponta da língua a resposta que dá quando se depara com a zoeira alemã.
"São só os companheiros de time mesmo que brincam. Eles chegam falando que o melhor futebol do mundo tomou sete e eu mostro o vídeo do 2 a 0 [vitória da seleção sobre a Alemanha na final da Copa de 2002]", disse, antes de reconhecer a vantagem dos alemães na atualidade."Hoje eles são melhores mesmo, fazer o quê?"
O zagueiro baiano Dante, que esteve na Copa e foi titular da seleção naquele 8 de julho de 2014, também já havia dito que os colegas de Bayern de Munique, base daquela Alemanha que lhe impôs o 7 a 1, estavam com dó de fazer muitas brincadeiras.
"No começo, eles estavam brincando comigo, mas perceberam que eu ainda estava bastante triste e diminuíram com as piadas. Eles compreenderam o momento, perceberam que não era a hora disso", afirmou em entrevista à
Folha, em agosto de 2014.
O atacante carioca Deyverson, do Colônia, é outro que se apega ao passado do futebol brasileiro para reagir às piadas que ouve na terra do futebol tetracampeão do mundo."Uns amigos alemães me contaram piadas sobre o 7 a 1. Respondi que ganhamos cinco vezes a Copa e que isso não dá para discutir", diz o jogador, que descreve as brincadeiras dos europeus como "leves"."Se ficassem zombando sempre, eu ficaria chateado", admite.
O zagueiro Marcelo tem uma explicação sobre a razão de as brincadeiras existirem, mas não serem tão frequentes assim.
"Meus companheiros de time ficaram brincando bastante por uma semana. Mas, depois de um tempo, começaram a ter pena da gente. Eles sabem que esse resultado foi muito pesado."