20 anos da Internet

Foha Web - 20 anos de Internet

20 ANOS DE INTERNET.BR

Quer saber mais sobre os 20 anos da internet? Já que você está acessando o site da Folha pelo celular, ligue antes para o número (11) 3224-3917 e conheça o serviço que, 55 anos antes do Google, já ajudava as pessoas a saber quanto tempo dura a vida de uma pulga.

Ligar para (11) 3224-3917

continue

20 anos da Internet

20 ANOS DE INTERNET.BR

Bem-vindo a 1º de maio de 1995. Você não entrou no Facebook nem viu mensagens no WhatsApp ou tirou dúvidas no Google. Nada disso é possível, já que esses serviços só serão lançados ao longo dos próximos 20 anos. Mas já dá para, ao menos, acessar a internet e mandar um e-mail.

Naquele dia, começou a ser oferecida no Brasil a conexão comercial à rede mundial de computadores, abrindo para pessoas comuns as possibilidades já disponíveis para acadêmicos e pesquisadores.

Nesta página, com formato inspirado no desenho do site que a Folha viria a lançar dois meses depois, em julho de 1995, você vai conhecer os pioneiros da rede no Brasil e saber como os internautas mudaram nessas duas décadas.

GRANDES QUESTÕES

Como o 'jeitinho' brasileiro entrou na web

BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A capacidade de dar um "jeitinho" para tudo encontrou terreno fértil na internet. Essa e outras características dos brasileiros foram amplificadas e alimentadas pela chegada da rede ao país, avaliam psicólogos e sociólogos ouvidos pela reportagem.

O ambiente fértil para poder falar e mostrar os valores e a cultura atingiu em cheio o "complexo de vira-lata", expressão criada pelo escritor Nelson Rodrigues para descrever o complexo de inferioridade nacional em relação a outros países.

"Com a internet, o brasileiro começa a olhar mais para si mesmo. Isso é positivo? Não sei. Se você se olhar muito no espelho, você vira um narcisista. É difícil estabelecer o limite entre a forma adequada e a forma patológica de usar", afirma Cristiano Nabuco, coordenador do grupo de dependência tecnológica do Hospital de Clínicas de São Paulo.

"É comum ao brasileiro a capacidade de dar um jeito nas coisas com recursos precários, o que muitos chamam de gambiarra. É interessante notar que esses traços culturais do Brasil são muito afeitos às principais características da cibercultura que são: a remixagem ou práticas recombinantes e a reconfiguração constante dos objetos virtuais", explica Sergio Amadeu, sociólogo da Universidade Federal do ABC e pesquisador de cibercultura.

Duas décadas de internet, porém, ainda é pouco tempo para maturidade. "Ainda estamos apenas aprendendo a manejar essa ferramenta", diz Nabuco.

LUGAR AO SOL

"No Brasil, temos uma desigualdade social e cultural muito grande. Mas todos são iguais perante a web", afirma Cristiano Nabuco, coordenador do grupo de dependência tecnológica do Hospital de Clínicas de São Paulo.

"Na internet, existe uma homogenização e uma padronização de valores e todo mundo encontra um lugar ao Sol. Talvez, ela tenha dado ao brasileiro uma chance de ter uma voz no mundo. Não só no mundo global, mas no mundo local", diz.

Ganhar a própria voz implica em liberdade de expressão --tanto para falar como para bloquear aquilo que não se quer escutar.

"Nas interações face a face, a reação da outra pessoa diante do seu comentário pode inibir ou mediar o conteúdo e o modo como você se expressa. Hoje, você tem a disponibilidade de pensar, editar, reformular algo antes de ser enviado aos destinatários. E, também, você pode romper barreiras hierárquicas de comunicação que eram uma realidade até pouco tempo atrás.", afirma Guilherme Wendt, psicólogo e pesquisador da Universidade de Londres.

"Existe um recurso que anteriormente não era possível. Você tem a oportunidade de selecionar quem poderá ver o conteúdo que você publica. Imagine se, há 20 anos, teríamos como "bloquear" um vizinho, um amigo etc", diz.

Com a internet, o brasileiro começa a olhar mais para si mesmo. Isso é positivo? Não sei

Cristiano Nabuco, coordenador do grupo de dependência tecnológica do Hospital de Clínicas de São Paulo